Colesterol: inimigo cardiovascular e protetor do cérebro?

Um estudo publicado pelo Cell Reports e desenvolvido pela equipa de Carlos Dotti do Centro de Biologia Molecular Severo Ochoa, em Madrid, demonstrou o papel fundamental do colesterol para manter os neurónios saudáveis e a memória em bom estado.

Numa experiência com ratos, foi possível constatar que os mais velhos apresentavam níveis demasiado baixos de colesterol no hipocampo (área cerebral relacionada com a memória). Esse estudo demonstrou também que após a administração de um fármaco que impedia a perda do colesterol no cérebro se verificava uma melhoria significativa na sua memória.

De facto, seriam necessários mais estudos sobre este fármaco para apontar esta conclusão, mas neste caso não, já que se trata que um medicamento já testado, aprovado e comercializado - o voriconazol. O que esta equipa científica descobriu é que este contém uma substância responsável por impedir a redução do colesterol especificamente no cérebro (note-se que nos animais estudados, o voriconazol "neutralizou" o efeito negativo da idade na função dos neurónios e, mais particularmente, na memória).

Outro dado que apoia os resultados deste estudo foi um alerta recentemente lançado pela agência antidrogas dos EUA fez a respeito das estatinas, medicamento amplamente utilizado para controlar o nível de colesterol. Esta organização referiu que alguns pacientes que tomam estatinas podem sofrer perda de memória e declínio cognitivo, pelo que poderá fazer sentido considerar o uso das estatinas incapazes de atravessar a barreira hematoencefálica.

 

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Fonte: O Observador

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