Primeiros passos do bebé podem ajudar na reabilitação de lesões medulares

Um grupo de investigadores que estudam os padrões cerebrais envolvidos nos primeiros passos do bebé esperam aplicar as suas descobertas para ajudar crianças com paralisia cerebral e melhorar a reabilitação de adultos pós lesão medular.

O grupo da Universidade VU em Amesterdão na Holanda apresentou o seu trabalho no Society for Experimental Biology Annual Meeting, em Brighton no Reino Unido, que decorreu nos dias 4 a 7 Julho.

A Dra. Nadia Dominici, que lidera o grupo da Faculdade de Ciências Comportamentais e Movimento da Universidade VU, explica o que fizeram foi olhar para a forma como a marcha surge tanto em humanos como em animais e de que forma estas se desenvolvem.

Mesmo antes de se levantar, o bebé tem uma ideia do que fazer para iniciar a marcha. Se uma criança for colocads em contacto com o chão em postura ortostática, o que faz de forma automática é colocar um pé na frente do outro, indicando claramente um instinto para caminhar. O que fica a faltar é o amadurecimento dos circuitos cerebrais para que o bebé inicie a marcha.

A Dra. Dominici e os seus colegas dizem que este "reflexo primitivo" é a base sobre a qual os bebés constroem o seu movimento de marcha independente.

Eles descobriram que caminhar e outros movimentos semelhantes são o resultado de pequenos grupos de músculos que se unem de uma forma flexível para simplificar o controlo da locomoção – eles apelidam estes grupos de primitivos de marcha ou locomoção.

Descobriram ainda que os bebés nascem com apenas dois grupos primitivos: o primeiro para comandar os membros inferiores a fazerem extensão e flexão, e o segundo para a alternância entre membros.

Para caminharem de forma independente, o bebé precisa de aprender mais dois primitivos que se acredita serem responsáveis pelo controlo do equilíbrio, frequência do passo e transferência de carga.

Foi também descoberto que estes primitivos são muito parecidos entre espécies, por isso, a locomoção em várias espécies animais poderia iniciar-se a partir de grupos primitivos comuns, talvez até mesmo decorrentes de uma rede neural ancestral semelhante.

Os investigadores acreditam que as suas descobertas podem ajudar os pacientes com deficiência a melhorar a sua mobilidade e a marcha. Eles já demonstraram que é possível recorrer a grupos primitivos neurais na reabilitação da marcha em ratos com lesão medular.

A equipa está agora a trabalhar de forma a desenvolver uma abordagem para crianças com paralisia cerebral e adultos com lesões na medula espinhal.

 

--- 

Fonte:

http://www.medicalnewstoday.com/

Partilhe esta notícia