História de Sucesso | Conheça o Daniel Peixoto

O Daniel Peixoto é Fisioterapeuta e trabalha com a Equipa B do Sporting Clube de Braga.
Descubra nesta História de Sucesso o percurso deste jovem que se dedica à área do Desporto.
1. Fale-nos um pouco de si.
- O meu nome é Daniel Fernando Fonseca Peixoto, nasci em Maio de 1986, numa das cidades mais lindas e com mais qualidade de vida: Braga. Sou Licenciado em Fisioterapia pelo ISAVE desde 2008 e considero que, na nossa área, é fundamental sermos proativos e mantermo-nos permanentemente atualizados, pois o surgimento de novos métodos de avaliação, diagnóstico e tratamento são uma constante. Atualmente, sou Fisioterapeuta da Equipa B do Sporting Clube de Braga com muito orgulho e satisfação.
2. Quando era adolescente, que profissão gostaria de ter no futuro? Sempre sonhou em ser Fisioterapeuta?
- Na minha infância, sem saber muito bem porquê, referia que gostaria de ser Bombeiro, talvez por saber que dessa forma poderia ajudar o próximo de uma forma incondicional. No entanto, com 10 anos tive a infelicidade de partir as duas pernas em simultâneo, situação que me obrigou a uma recuperação de 10 meses, em que nos primeiros 3 meses andei obrigatoriamente de cadeira de rodas e, nos restantes 7 meses, fui sujeito a uma intensa recuperação através de várias sessões de Fisioterapia. Aproveito a oportunidade para agradecer a enorme competência da equipa de Fisioterapeutas do extinto Hospital de S. Marcos, onde destaco a dedicação extrema da Fisioterapeuta Ana Leal (se a memória não me atraiçoa) a quem estou eternamente grato pela excelente reabilitação que fez comigo. Por volta dos meus 15/16 anos, devido ao surgimento de algumas lesões, voltei a fazer várias sessões de Fisioterapia e certamente foi aí que o "bichinho" por esta área surgiu. Poder contribuir para melhorar a qualidade de vida de alguém ou permitir que determinado atleta atinja um nível de excelência é definitivamente o meu maior sonho, aquilo que verdadeiramente me realiza.
3. O que a levou decidir-se de forma definitiva pela Fisioterapia como o seu futuro?
- Desde que me conheço, adoro praticar desporto e sou fascinado pela alta competição! Como já referi anteriormente, o facto de ter feito centenas sessões de Fisioterapia ao longo da minha infância/juventude despertou o gosto pela profissão de Fisioterapeuta. Adoro sentir que contribuí para o bem-estar de alguém, bem como de possibilitar a prática da atividade desportiva aos "meus" atletas sem qualquer restrição. Hoje em dia, olhando para trás, não me arrependo de absolutamente nada, pois adoro aquilo que faço no Clube que, em Portugal, mais cresceu na última década e talvez o Clube com maior margem de progressão nos próximos 5 anos com o surgimento da Academia e, consequentemente, melhoria significativa de condições de trabalho para todos os escalões de Formação, onde a Equipa B representa o seu expoente máximo.
4. No seu percurso profissional, quais foram as experiências que mais a marcaram?
- Uma das coisas que mais gosto, é relacionar-me com os outros, nomeadamente com os "meus" atletas e o futebol tem-me proporcionado experiências verdadeiramente incríveis. Como sabem, nós, Fisioterapeutas, passamos horas a fio com atletas em tratamentos e considero ser perfeitamente normal e inevitável o estreitamento de relações devido à enorme cumplicidade e confiança de parte a parte. Acreditem que passo mais horas com um atleta em recuperação do que com a minha esposa ou qualquer outro familiar, daí que nos autodenominamos por FAMÍLIA, em que, por vezes, basta um olhar para perceber que algo não está bem. Independentemente do salário (que penso ser fundamental para permitir a nossa independência financeira), uma simples mensagem de agradecimento pelo nosso esforço/dedicação vale mais do que tudo que possam imaginar. Provoca em nós uma sensação de dever cumprido. São várias experiências que me marcaram profundamente, no entanto, destaco três: uma com o Saná (atleta Guineense que atualmente encontra-se a jogar no Académico de Viseu) em que nos emocionamos por ele não assistir ao nascimento do seu filho por estar a efetuar um plano de reabilitação a uma cirurgia devido a uma rotura de ligamentos do joelho; outra com o Tiago Sá, atual capitão da Equipa B, miúdo com enorme caráter e sentido de responsabilidade que tenho o prazer e orgulho de acompanhar o seu trajeto ao longo dos últimos 5 anos, em que no final do último jogo, a 7 de Janeiro de 2017, em que obtivemos a nossa quarta vitória consecutiva diante do Sporting Clube de Portugal em Alcochete, sensibilizou-me ao dar-me a sua camisola de jogo em pleno balneário. Gesto que recordarei ao longo da minha vida. Por fim, ter contribuído para que o SCB fosse Campeão Nacional no escalão de sub-19 em 2014 também me marcou profundamente por tudo o que implica na História do Clube.
5. Como surgiu a oportunidade de trabalhar no Sporting Clube Braga?
- A minha relação com o SCB iniciou-se há cerca de 22 anos, altura em que me inscrevi como sócio (atualmente sou o sócio nº 2843) e iniciei o trajeto de atleta nas escolinhas da Formação do Clube. Desde 1994 a 2005, ou seja, dos meus 8 aos 19 anos, pude cumprir na íntegra o trajeto de formação como atleta neste Enorme Clube. Durante esse mesmo percurso, tive o privilégio de ser capitão de equipa nos seguintes escalões: Sub-15, Sub-17 e Sub-19! Porém, no meu 2º ano de júnior já me encontrava no 1º ano da Faculdade, e, como o 2º ano da Faculdade é o mais exigente ao nível de horários e dos respetivos conteúdos programáticos (em determinados dias tínhamos aulas das 8h às 20h) e coincidiu com a difícil e marcante passagem para o futebol profissional, achei por bem dedicar-me em exclusivo ao Curso em detrimento de continuar a jogar futebol, decisão que admito não ter sido fácil de tomar, mas da qual não me arrependo absolutamente nada. Posteriormente, nos 3 anos seguintes, terminei a minha Licenciatura, em julho de 2008 defendi a minha tese, e, em agosto, em plenas férias, cruzei-me com o Enfermeiro Amadeu Silva, pessoa responsável por coordenar o Departamento Médico de Formação do SCB de então e alguém por quem sempre nutri uma enorme consideração e estima. Após esse encontro casual, ao constatar que me tinha Licenciado em Fisioterapia, convidou-me prontamente para fazer parte da Estrutura do Departamento Clínico (em que na altura contava apenas com 1 Fisioterapeuta) e trabalhar em regime de part-time com 2 treinos e 1 jogo por semana. Em resumo, de dezembro de 2008 a maio de 2012 trabalhei simultaneamente na Fisibalão (clínica Fisiátrica de Braga)) e nas camadas jovens do Sporting Clube de Braga (sub-13). Desde junho de 2012, após convite do Dr. João Pedro Araújo, com 26 anos assumi as funções de Coordenação do Futebol de Formação do Sporting Clube de Braga (SCB). Atualmente, com 30 anos, sou Fisioterapeuta da Equipa B com muito orgulho e satisfação após oportunidade única que me foi concedida pelo Dr. Vítor Moreira, a quem aproveito igualmente para agradecer toda a confiança depositada, à semelhança do Enf. Amadeu Silva e Dr. João Pedro Araújo numa fase inicial do meu trajeto como Fisioterapeuta neste Enorme Clube!
6. Na sua visão qual a importância do papel do Fisioterapeuta no Desporto?
- A importância do papel do Fisioterapeuta no Desporto, na minha opinião, é muita pelo simples facto de contribuirmos decisivamente para o bem-estar físico e emocional de quem tratamos. Quando falamos de alta competição, a intensidade com que vivemos a nossa profissão é totalmente diferente e a nossa influência torna-se crucial. Principal razão: uma excelente recuperação no mínimo de tempo possível não tem preço, mas sim dá-nos um enorme gozo por ver os nossos atletas a desfrutarem das suas profissões sem qualquer restrição! Além disso, atualmente o Sporting Clube de Braga permite-me fazer parte de uma enorme equipa multidisciplinar que envolve Fisioterapeutas, Médicos de várias especialidades, Enfermeiros, Nutricionista, Podologista, Psicólogo, Optometrista, Fisiologista, entre outros, que nos possibilita trabalhar de forma decisiva na PREVENÇÃO de lesões em conjunto com o staff técnico. Essa é a grande diferença que constato na última década: antes, o Fisioterapeuta atuava somente no tratamento de lesões, hoje em dia, em conjunto com a restante equipa multidisciplinar e "educando" os atletas para vários exercícios, atuamos ao nível da prevenção de lesões, com destaque para o trabalho propriocetivo, força, velocidade, resistência e flexibilidade bem como de recuperação do desgaste físico/emocional a que estão sujeitos. Aumentar a especificidade do nosso trabalho (em relação à posição de campo que ocupa e ao próprio gesto técnico que por norma realiza) tendo em conta o atleta que temos à nossa frente, é o maior desafio.
7. Já realizou algumas formações com a Bwizer. De que forma é que estas impactaram o seu dia-a-dia?
- Antes de mais, deixe-me dar os parabéns ao Hugo Belchior por ter tido a visão, perspicácia e audácia de, num momento de crise, perceber que o vasto mundo da Fisioterapia (e não só!) precisava de uma Bwizer! Passo a explicar em breves palavras: após a Licenciatura de 4 anos, eu, como tantos outros colegas, ao deparamo-nos com tantas áreas de intervenção (Fisioterapia Respiratória, Pediátrica, Neurológica, a nível muscúlo-esquelético, etc) sentíamo-nos algo inseguros no início da prática da nossa atividade, e ele, foi capaz de perceber e antecipar a importância da especialização e constante atualização de conteúdos no futuro, principalmente ao nível da área de Saúde em que a evolução ocorre diariamente. Pela Bwizer, já tive oportunidade de fazer várias formações, entre as quais destaco: "Fisioterapia Desportiva de Elite" com Michal Novotny, "Osteopatia no Desporto" com o Osteopata e excelente profissional Daniel Valpaços, "Acupuntura para Fisioterapeutas" com Helena Justo (o que se tem revelado um ótimo complemento aos tratamentos que efetuo) e recentemente inscrevi-me no curso de Terapia Manual segundo o Conceito Osteoetiopático que contará com o know-how de vários profissionais de excelência, nomeadamente de Dominique Lippens. Ao longo do meu trajeto, a Bwizer tem sido fundamental para me atualizar ao nível de técnicas eficazes de avaliação, diagnóstico e tratamento de várias patologias, bem como de consolidar processos adquiridos durante a Licenciatura.
8. Como concilia a sua vida pessoal com a profissional?
- Com alguma dificuldade, mas também com muita compreensão da família e amigos que me são mais próximos, nomeadamente da minha esposa - Alexandra Miranda com quem vivo há 2 anos e me casei há exatamente 7 meses. O desporto em alta competição, neste caso o futebol, exige bastante dedicação da nossa parte, inclusive de tempo. Fazemos estágios com alguma frequência, raros são os fins de semana sem competição e as férias são gozadas especificamente no mês de junho. Aproveito a oportunidade para agradecer à minha esposa e restante família pela compreensão, bem como pelo facto de servirem de "cobaias" após as respetivas formações que vou realizando. Penso que, o facto de nem sempre podermos estar juntos, faz com que quando isso se torne possível, demos ainda mais valor a "pequenos" momentos em família e os desfrutemos ao máximo.
9. Uma curiosidade sobre si que nada tenha que ver com a sua atividade do dia-a-dia?
- Preservo demais a minha família e a amizade verdadeira. Gosto muito de socializar e tenho um grupo de amigos que se reúne à mesa periodicamente para matar saudades e conversar por horas! Adoro animais, aliás, apesar de vivermos num apartamento, temos dois "Cavaliers King Charles" lindos: Zara e Snoopy. Gosto de fotografia e adoro viajar! Quem não gosta?
10. Uma dica ou frase de inspiração para aqueles que gostariam de seguir os seus passos como fisioterapeuta no desporto?
- Nesta área, uma atualização permanente fará toda a diferença. Para isso, é necessário algum investimento financeiro, bastante perseverança, capacidade de trabalho e PAIXÃO pelo que fazem diariamente, pois a exigência a nível físico e emocional será máxima. Saiam da vossa zona de conforto, questionem-se constantemente onde podem melhorar e desafiem-se diariamente.
"Tenha a coragem de seguir o que o seu coração e intuição dizem, pois eles já sabem o que você realmente deseja. Tudo o resto é secundário." - Steve Jobs