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Publicado a 01/06/2013

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À conversa com: Patrícia Froes

1. Em Portugal a Fisioterapia Dermato-funcional embora tenha tido um crescimento galopante, ainda se encontra nos seus primeiros anos de evolução. Enquanto Vice-presidente da Associação Brasileira de Fisioterapia Dermato-funcional certamente tem acompanhado a evolução desta área. Como é que a mesma se encontra reconhecida no Brasil e a nível mundial?

- O Brasil foi pioneiro nesta especialidade, começamos pela criação do nome em 1997 e chegamos ao reconhecimento da mesma em 2010, sendo considerada hoje uma área tão importante quanto qualquer outra. Alguns países já tinham algo parecido como “Fisioterapia Estética” com conceitos bem disitintos, mesmo começando a especialidade há muito tempo, apresentam uma formação mais voltada para beleza, o que difere de nosso objetivo como fisioterapeutas. Visando a abordagem de saúde nesta especialidade, como acontece no Brasil, podemos dizer que o Chile está a explorar esta área, bem como a Argentina. Outros países têm procurado aprender um pouco e criar a especialidade como Venezuela, Bolivia, Costa Rica, Espanha, Colômbia e Peru. Apesar da Associação Americana de Fisioterapia (APTA) apresentar a especialidade no seu “Guide” de especialidades, ainda não faz parte da rotina do fisioterapeuta americano.

 

2.  Embora a Fisioterapia Dermato-funcional já tenha dado várias provas da sua relevância na saúde, continua a ser confundida com estética e a ser alvo de preconceito por parte de alguns colegas. Como diferencia as duas áreas?

- Para mim é muito clara a diferença e realmente alguns colegas não reconhecem sua importância porque não compreendem esta diferença. Quando procuramos saúde, fazemos Dermato-funcional. Por exemplo, se avalio uma paciente que apresenta “Celulite”, procuro qual a alteração fisiopatológica que está a promover a enfermidade. A minha intervenção não está direcionada a melhorar a aparênciada celulite, e sim a reabilitar o tecido que está comprometido por uma alteração da microcirculação e pelas suas consequências. A melhoria do estado da pele é uma consequência de um tratamento efetivo ao tecido, portanto a beleza é uma consequência. Assim podemos pensar em todas as patologias. Procurar a recuperação da função dos tecidos, assim explicamos o nome: Dermato-funcional!

 

3. Para além da sua actividade clínica, a Patrícia é docente em várias de Licenciaturas e Pós-graduações em Universidades no Brasil e países latino-americanos. Quando começou a sua paixão pela vertente académica?

Desde criança acompanhava a minha mãe na sala de aula, refletia-me no trabalho dela e sentia que a docência era o que eu gostaria de fazer por toda a vida. Dediquei-me a formação de crianças antes de ser fisioterapeuta. Assim que terminei o curso, comecei como docente ainda muito jovem e sentia muito prazer em passar meus conhecimentos. Praticamente tenho o mesmo tempo de profissional e de docente, mas jamais deixo de estar na prática clínica, pois um professor sem conhecimento da vida prática, não consegue ser completo, pois não vive o dia a dia da prática. Segui ministrando aulas em graduação (licenciatura) e pós-graduação no Brasil, mas senti necessidade de levar a Dermato-funcional a outros países. Para tanto, tive que estudar dois outros idiomas, fato que abriu muitas portas para países em muitos continentes. Nos países latino-americanos, a especialidade tem mais força, portanto são os lugares onde mais trabalho. Hoje tenho grande prazer em levar informações desta especialidade a diferentes culturas.

 

4. Quando fazemos uma pesquisa científica nesta área frequentemente encontramos o seu nome associado a vários artigos. Poderia falar-nos um pouco do seu percurso profissional e da importância que a investigação e a aprendizagem ao longo da vida têm para si?

- De certa forma, o preconceito dos colegas com a especialidade contribui para o desenvolvimento de um perfil científico em mim, pois sempre me incomodei com o pensamento dos colegas que se dedicavam a esta área, sem estudarem e apenas querendo ganhar dinheiro fácil. Desde que comecei na especialidade, sempre procurei saber o “porquê” de cada tratamento, e percebi que muitas respostas não exisitiam. Viviamos em um “achismo “ completo e não apresentávamos respostas seguras aos nossos pacientes. Comecei por realizar um mestrado e depois um doutorado, ambos deram-me conhecimento para produzir artigos científicos e hoje tenho prazer em responder questionamentos com justificações baseadas em evidências cientificas. Acredito que o caminho da ciência é a melhor forma de conseguirmos o reconhecimento do nosso trabalho.

 

5. Nestes 20 anos dedicou-se à Fisioterapia Dermato-funcional, participando em diversos momentos importantes relacionados ao crescimento e reconhecimento desta especialidade. Recentemente teve uma oportunidade rara no seio da Fisioterapia, de apresentar um trabalho para a American Academy of Dermatology (ADD). Quer partilhar connosco um pouco dessa experiência?

- A experiência do Congresso da AAD foi bastante interessante. É um evento que lança no mercado tudo que vamos conhecer durante o ano em relação a novas tecnologias e cosméticos, portanto a parte científica é de alto nível. Fiquei fascinada com a quantidade de informações que consegui obter no evento. Quando dizia que era fisioterapeuta, os americanos não entendiam muito uma vez que fisioterapeutas americanos não aplicam esta especialidade, mas foi importante a troca de conhecimentos.

 

6. O que é que os alunos podem esperar do curso Fisioterapia Dermato-funcional: Revolução e Novos Conceitos?

- Um curso de atualização de conceitos, com bastante evidência científica. Também vão encontrar um conhecimento que faz pensar e que difere de muitos cursos que ensinam a ser técnicos, baseados em protocolos prontos. 

 

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