O nosso website utiliza cookies por forma a melhorar o desempenho do mesmo e a sua experiência como utilizador. Pode consultar a nossa política de cookies AQUI

Publicado a 16/08/2018

Voltar
Ana Rita Pinheiro

A fisioterapia precisa de autores e de não ser vítima da sua história | Por Ana Rita Pinheiro (Bwizer Magazine)

Ana Rita Pinheiro

Este artigo fez parte da 3ª edição da Bwizer Magazine – pode vê-la na íntegra aqui.

 

Num período crítico para os fisioterapeutas em Portugal, em que outras profissões da área da saúde de alguma forma se sentem fragilizadas ou ameaçadas com a regulamentação idónea do exercício profissional do fisioterapeuta, façamos uma breve reflexão sobre o que identifica e distingue este profissional de saúde. Qual é, indubitavelmente, o seu objeto de conhecimento? Naturalmente que, para qualquer fisioterapeuta, a resposta imediata será: o movimento e a função.

De forma simples e estruturada, artigos recentes abordam o movimento numa perspetiva de sistema, o qual integra diferentes sistemas orgânicos fisiologica¬mente relacionados com o movimento(1,2). Nesse sentido, da mesma forma que o neurologista é responsável por uma prá¬tica médica focada na função e disfunção anatomofisiológica do sistema nervoso, o fisioterapeuta terá uma responsabilidade equivalente sobre o sistema do movi¬mento. Recorrendo ao mesmo exemplo, em vez de realizar um diagnóstico neu¬roanatomopatológico, seguido de uma intervenção farmacológica e/ou indicação cirúrgica, o fisioterapeuta deverá exami¬nar o sistema do movimento, fazer um diagnóstico da sua (dis)função e definir um plano de intervenção de fisioterapia(1).

É assim fundamental um conhecimento e compreensão dos componentes subjacentes ao sistema do movimento e fatores influenciadores do mesmo, a caracterização da sua fisiologia normal e a identificação de síndromes de disfunção, robustecendo o reconhecimento da especialidade por outros profissionais de saúde. De realçar que, biologicamente, desde um nível macro a um nível micro (biosfera, ecossistema, comunidade, população, espécie, organismo, sistema, órgão, tecido, célula, organelo, molécula, átomo) age-se, reage-se e interage-se em função do ambiente contextual. Assim, a avaliação do sistema do movimento deverá ser enquadrada no contexto, com todas as dimensões que o determinam. 

Note-se que, em nenhum momento, foi referido o termo reabilitação. Mais ainda, que a intervenção do fisioterapeuta não estaria direcionada para a patologia, diagnosticada e referenciada pelo médico.

Tendo por base um estudo recente sobre a incorporação do sistema do movimento nos programas curriculares dos cursos de fisioterapia, parece haver uma grande variabilidade nos currículos, desde a ausência da sua referência à sua inclusão ao longo do curso, passando por breves alusões ao mesmo(3). Este achado vem, de alguma forma, ao encontro de um livro recente(4), cujo título provocatório, “O fim da fisioterapia”, merecerá alguma atenção e reflexão, sobretudo pelos agentes centrais na modelação do futuro da profissão. Citando Nicholls(4), “se se continuar a praticar fisioterapia da forma como ela decorreu no passado, a profissão tornar-se-á obsoleta num futuro próximo.”

 

Para continuar a ler este artigo, clique AQUI!

 

Este artigo fez parte da 3ª edição da Bwizer Magazine – pode vê-la na íntegra aqui.


CV: Licenciada em fisioterapia pela ESS-IPP (2005), completou o doutoramento em neurociências não conferente de grau pela FMUP em colaboração com o ICBAS/ IBMC/INEB (2009) e doutorou-se em ciências biomédicas pelo ICBAS-UP (2014).

Fonte: Consulte a 3ª edição da Bwizer Magazine

Partilhe em...