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Publicado a 27/09/2017

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Daniel Valpaços

A osteopatia desportiva (1ª parte) | Por Daniel Valpaços

Daniel Valpaços

É sempre difícil resistir à um desafio lançado pela Bwizer e desta aceitei a complexa tarefa de transmitir a minha visão sobre osteopatia desportiva em poucas linhas.

A osteopatia, sem retraçar as linhas históricas da sua criação e evolução, é uma terapia manual com o seu próprio sistema de avaliação e tratamento, sem uso de medicação, que visa à restabelecer, equilibrar a função das estruturas e sistemas do nosso corpo, através de técnicas especificas sobre os tecidos, sejam eles articulações, músculos, ligamentos, cápsulas, vísceras, tecido nervoso, vascular e linfático.

Entre os vários fundamentos da osteopatia, destaca-se a visão holística do paciente, que confesso é demasiado utilizado pelas medicinas não convencionais sendo a resposta à tudo e mais alguma coisa, mas que se torna fundamental na análise de um atleta, especialmente no conceito de “cadeias lesionais”, não tivesse criado este curso na Bwizer, passo a publicidade. Aliás, e se lhe dissesse que a entorse lateral externa da tíbio-társica de grau 1 se deve a um desequilíbrio da articulação temporo-mandibular do lado homo ou contra-lateral?

Este é apenas um exemplo, sendo que as etiologias são numerosas mas transcreve a importância do equilíbrio geral de um paciente ou atleta, longe da visão analítica da entorse restrita ao tornozelo. Contudo, não me interprete mal, numa primeira fase de tratamento, também recorro ao RICE (Rest, Ice, Compression, Elevation).

De facto neste exemplo da entorse externa de tornozelo, que destaco inúmeras vezes pela particularidade da intervenção e que abordarei mais em diante na fase de tratamento, a Osteopatia não se substitui à qualquer interveniente da equipa médica desportiva. Ou melhor, a osteopatia intervém num tratamento multidisciplinar que como é obvio se inicia numa primeira fase pela avaliação médica, tratamento de fisioterapia … para “Acrescentar Valor”, algo que ainda necessita de amadurecimento das equipas desportivas, das equipas médicas.

Cartão de cidadão da osteopatia desportiva:
– 3 intervenções em contextos diferentes: Prevenção, Tratamento e Treino Invisível (recuperação) em timings adaptados.

A prevenção:

Apesar da medicina desportiva no seu geral se ter focado nos últimos anos na vertente traumática e na procura de reduzir os tempos de tratamentos, melhor do que tratar será evitar a lesão. Confesso que a parte preventiva e de recuperação, na minha evolução profissional, têm sido as aéreas que me despertaram mais interesse e pesquisa, sendo o meu factor diferencial.

Na prática, baseia-se numa análise rigorosa de pré-época para determinar os desequilíbrios posturais e insuficiências músculo-esqueléticas que podem interferir no equilíbrio estático e dinâmico do atleta. A interpretação de vários factores, como os antecedentes de lesões, a modalidade e posição do atleta, a sua lateralidade, o material desportivo … De uma forma mais simples, estabelecer um perfil ou esquema postural do atleta permite prever um maior risco de lesão ou fragilidades musculares.

Como? Através da análise das cadeias lesionais, do equilíbrio podal, da estabilidade temporo-mandibular, do controle diafragmático, do equilíbrio entre as cinturas escapular e pélvica, e tantos outros factores…

Um exemplo, como prever a pubalgia? Uma disfunção da ATM pode ser a origem de um aumento de carga na cadeia anterior, tendo por efeito um acréscimo das forças de cisalhamento na zona púbica, isto em cadeia descendente.

Ao contrário, um desequilíbrio da tíbio-tarsica expõe uma instabilidade à púbis que também encontra sua etiologia no encurtamento do ílio-psoas. Isto é, para não cair na facilidade, de um défice abdominal perante um grupo flector do membro inferior, que se auto corrige com os gémeos. Seria possível continuar a noite toda nesta lista de paradigmas, que não correspondem a uma receita de cozinha, num protocolo estrito e rigoroso.

CV: Osteopatia pela Escola de Osteopatia de Paris

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