Alterações na distância inter-retos (DIR) durante a gravidez

Soraia Pires

Há, por parte das mulheres, de uma forma geral, um cuidado crescente com o corpo. Seja por questões estéticas ou por questões de saúde, a busca por esses cuidados aumenta, especialmente, em grávidas e mulheres que já tiveram filhos.

Existe uma vasta oferta de programas pós-parto, centrados na recuperação física da mulher. Contudo, a evidência científica disponível ainda não é clara, no que diz respeito aos melhores exercícios para uma mulher realizar no pós parto, particularmente os de recuperação abdominal.

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Durante a gravidez, muitas mulheres sofrem aumento da distância inter-retos (DIR) - afastamento entre os retos abdominais - devido ao estiramento e diminuição de espessura da linha alba (1). Este afastamento, comummente denominado de “Diástase dos Retos Abdominais” (DRA) (2,3) é definido como uma alteração da musculatura abdominal, particularmente na bainha da linha alba e retos abdominais (2,3). Este quadro ocorre como consequência das alterações hormonais no tecido conjuntivo, a sobrecarga mecânica da parede abdominal – pelo peso crescente do feto – e pelo reposicionamento visceral (3). Pode desenvolver-se no segundo trimestre de gestação, mas é mais comum no terceiro (4) e tende a aumentar até ao parto (3).

A evidência disponível diz-nos que a presença de DRA é muito comum após o parto e que tem uma resolução espontânea (2,1) parcial entre as quatro (4) e oito semanas (2,3) pós-parto. Contudo, para muitas mulheres esta resolução espontânea não ocorre nem no período do pós-parto, nem nos anos seguintes (2,3).

A parede abdominal desempenha um papel fundamental no controlo postural, na estabilidade lombo-pélvica e do tronco, na respiração, nos movimentos do tronco e no suporte visceral. O aumento da DIR pode condicionar o funcionamento destas estruturas (5,6), enfraquecer os abdominais e influenciar a sua função (7,8). Estas alterações podem levar a disfunções mecânicas do tronco, instabilidade pélvica e alterações posturais, o que deixa a coluna lombar e a pélvis mais suscetíveis a lesões (9,10,6).

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CV: Fisioterapeuta com um estilo muito próprio, ingressou no mestrado em Saúde da Mulher, na ESS Alcoitão, e está prestes a abrir o seu próprio espaço.

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