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Publicado a 26/06/2019

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Nuno Silva

Breve Perspetiva Neurobiológica do Exercício – a Relação, o Ambiente e a Universalidade | Por Nuno Silva (Bwizer Magazine)

Nuno Silva

Este artigo fez parte do Número 7 da Bwizer Magazine – pode vê-la na íntegra aqui.

 

“Hoje, as pessoas esperam ferramentas de diagnóstico avançadas e de última geração, tal como a imagiologia e a genómica, para que melhorem as suas vidas enquanto, simultaneamente, negligenciam e ignoram a fisiologia dos seus corpos e o que é necessário para um desenvolvimento saudável.”

Lukasz M. Konopka

 

Na ciência, cada vez mais imperam os fundamentos da evolução volitiva(14). Com a emergência dos trabalhos de investigação que centralizam o papel das condições ambientais na biologia celular – Epigenética -, a resposta deixou de ser, unicamente, a inevitável predisposição genética. O entendimento dos fatores externos e do seu poder na expressão dos genes passou a ser determinante na opção por estratégias em saúde mais viáveis, esclarecidas e eficazes.

Vivemos uma realidade científica onde, felizmente, a pertinência da Epigenética nos vem adicionando (muito progressivamente) valor e robustez ao entendimento do porquê e do como das adaptações biológicas. E a conclusão a que se chega é clara: a “força” do contexto influencia a função e a integridade celular!

Mas a relação já não é nova. Cinquenta anos antes da Teoria Evolutiva de Darwin, na qual as características do organismo são o fenómeno central no progresso evolutivo aleatório dos seres vivos, Jean- Baptiste Lamarck sugeriu, nos inícios do século XIX, que a evolução das espécies seria fruto de uma interação cooperante e instrutiva entre os organismos e o ambiente(6). Tão atual Lamarck estava nas suas convicções que está à luz do recente desenvolvimento científico!

Sem a influência do evolucionismo, talvez não fosse possível, hoje, percebermos e aceitarmos as relações que tão familiares nos são. Dificilmente se estudaria a interferência de algo, noutra coisa qualquer, se não se considerasse, à partida, que as relações, por si, são possíveis. Não seria viável e adequado escrever um artigo que expusesse alguns dos sinais da capacidade que o exercício tem em alterar a função e estrutura cerebral, se os investigadores não partilhassem a mesma base de pensamento que Lamarck, brilhantemente teorizou. Comecemos a debater o exercício e o seu impacto na estrutura e função cerebral!

Os primeiros achados chegaram, no século XX, de investigações realizadas com ratos e as conclusões foram bem interessantes. Nos ratos corredores foi no hipocampo, região cerebral essencial à aquisição e codificação de novas memórias, onde se registaram as maiores adaptações e relações: aumento na proliferação/sobrevivência celular e maior diferenciação neuronal correlacionada com a melhoria da plasticidade sináptica e memória(13).

Consideraram-se, como contextos explicativos para esses resultados, o potencial inibitório do exercício aeróbio na ação do ácido gama-aminobutírico (GABA) - o principal neurotransmissor inibidor do Sistema Nervoso Central (SNC) -, e excitatório na ação do ácido glutâmico – essencial na diferenciação neuronal e na plasticidade sináptica (13). Tal como num carro, se o pé sai do travão, a probabilidade de ele andar é maior, certo? Em “linguagem neural” o contexto não foi muito diferente. O efeito inibitório do exercício aeróbio sobre GABA permitiu, estruturalmente, privilegiar a influência glutamatérgica e de biomarcadores neurotróficos, conhecidos como brain-derived neurotrophic factor (BDNF), que facilitou a neurogénese hipocampal, a expansão das terminações dendríticas e, consequentemente, o aumento do número de sinapses(13) .

 

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Este artigo fez parte do Número 7 da Bwizer Magazine – pode vê-la na íntegra aqui.

CV: Fisioterapeuta, apaixonado por controlo motor, dor e lesão, dedica a sua prática clínica à monitorização do risco e no benefício do exercício em contexto de reabilitação e redução do risco de lesão.

Fonte: Consulte o número 7 da Bwizer Magazine

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