Nos dias que correm, os jovens atletas de alta competição ou os jovens atletas que pratiquem desportos que requeiram muito tempo de treino/ competição (ex: Natação, Judo, Ténis entre outros), passam muito mais tempo com os seus treinadores do que com os pais e restantes familiares directos. Assim sendo o grupo família na tríade Família - Atleta/Filho – Escola, está muitas das vezes com o treinador englobado, sendo mais um elo da família, logicamente com as devidas distâncias.
Deve cumprir assim às Federações, Associações Desportivas e Clubes desportivos, um ainda maior acesso dos treinadores bem como dos pais dos atletas a formação específica e adequada na área da gestão de expectativas e desenvolvimento psicossocial.
Quase todos os treinadores já lidaram com a frustração de um atleta que não atinge os resultados esperados, que pode advir de inúmeros pontos tais como: por incorrecta formulação de objectivos tanto por parte do treinador como do próprio atleta, por incorrecto planeamento, por falha do próprio atleta, que é humano, ou ainda e cada vez mais nos dias de hoje, pela necessidade constante de apresentação de resultados que são hipervalorizados nas redes sociais fazendo por vezes de um mero resultado, banal, uma vitória “olímpica” e de um pequeno deslize uma total tragédia com tudo o que isso pode acarretar na formação, motivação e desempenho dos atletas.
Toda esta forma, na maioria das vezes inconsciente, de pressão pode ou tem quase sempre efeitos devastadores no bem-estar dos jovens atletas, no seu correcto descanso entre treinos e competições, limitando muitas das vezes os seus mecanismos de escape e de libertação de stress condicionando as suas prestações em qualquer uma das circunstâncias, de treino ou de competição, levando infelizmente a cada vez mais casos de abandono precoce.
É neste ponto que se torna crucial a junção da posição do treinador observador com a posição de treinador interveniente na mediação de todo este processo de alívio de tensões, pressões e observações familiares menos positivas.
Reveste-se de importância fulcral a observação e o diálogo com o atleta e posteriormente com os pais para entendimento dos motivos, explicação de dúvidas e aconselhamento comportamental visando sempre o objectivo máximo de formação dos jovens atletas no seu todo, nunca esquecendo que a prossecução do objectivo ou objectivos estará sempre condicionada pela tranquilidade e motivação dos mesmos.
CV: Licenciado em Educação Física e Pós graduado em Medicina do Exercício e Reabilitação Física