A reabilitação vestibular baseia-se num programa de exercícios para o tratamento funcional das disfunções vestibulares (centrais, periféricas ou mistas) (In Han, Song Seok, & Kim Soo, 2011; Mazzucato & Borges, 2009). O principal objetivo é promover a adaptação do reflexo vestibulo ocular (RVO), dada a sua importância ao permitir a estabilização da imagem aquando do movimento da cabeça (Alghadir, Iqbal, & Whitney, 2013; Deveze, L., Xavier, P.J, & Elziere, 2014).
Contextualizando, o RVO integra um dos reflexos do sistema vestibular. Este mesmo sistema funciona como um sensor de gravidade, sendo igualmente importante em funções sensoriomotoras. Como tal, quando um individuo é acometido por uma disfunção vestibular, surgem sintomas como: alterações visuais, perda de audição, zumbido, náuseas, vómitos, sudorese, desequilíbrio, tonturas, vertigens (Alghadir, Iqbal, & Whitney, 2013; Mazzucato & Borges, 2009). Sendo que, este último é um dos sintomas mais prevalentes afetando cerca de 10% da população Mundial, onde 85% dos casos decorrem de uma disfunção vestibular (Mazzucato & Borges, 2009).
Note-se que, a reabilitação vestibular tem evidenciado eficácia em pacientes com este tipo de disfunção (Alghadir, Iqbal, & Whitney, 2013; Deveze, L., Xavier, P.J, & Elziere, 2014; In Han, Song Seok, & Kim Soo, 2011; Mazzucato & Borges, 2009). Desta forma, a sua aplicação é indicada em casos de (In Han, Song Seok, & Kim Soo, 2011):
Contrariamente, a reabilitação vestibular é contraindicada em situações de (In Han, Song Seok, & Kim Soo, 2011):
A aplicabilidade desta técnica é fisiologicamente baseada no fenómeno de compensação vestibular, que ocorre naturalmente após uma perturbação vestibular aguda ou de carácter gradual e/ou crónico. Deste modo, a intervenção em fisioterapia é desenvolvida a partir deste fenómeno com o propósito de corrigir os inputs através de três mecanismos (Deveze, L., Xavier, P.J, & Elziere, 2014):
Do ponto de vista prático, no que que diz respeito à abordagem terapêutica, a mesma deve ser precedida de (In Han, Song Seok, & Kim Soo, 2011):
Assim, o cerne da intervenção do fisioterapeuta desenrola-se em 4 fases principais (In Han, Song Seok, & Kim Soo, 2011):
1ª – Estabilização visual, que pode ser feita após o início do défice vestibular agudo, associada a qualquer movimento da cabeça. O principal objetivo é fazer com que haja um retrocedimento da adaptação que o paciente desenvolveu em relação a um reflexo.
2ª – Simetria do RVO. Nesta fase é importante diminuir a ansiedade do paciente pois induz o desenvolvimento de estratégias de substituição.
3ª – Promoção da correção dos inputs vestibulares e estimulação optocinética.
4ª – Realização de dupla tarefa. A sua execução permite diminuir a rigidez e desenvolver um controlo postural mais automático.
A intervenção delineada pelo fisioterapeuta desenrola-se segundo um padrão educativo que o paciente deve continuar a realizar em contexto domiciliário. A intervenção engloba exercícios de estabilidade visual entre 4x a 5x por dia num total de 20-40min. Devem também ser incluídos 20 min de exercícios de equilíbrio e reeducação da marcha. Os exercícios devem ser iniciados com 5 repetições progredindo para dez (In Han, Song Seok, & Kim Soo, 2011).
A progressão ao longo das sessões deve ser feita segundo o critério de melhoria da sintomatologia, evoluindo para tarefas mais exigentes (In Han, Song Seok, & Kim Soo, 2011).
À luz da evidência científica, a reabilitação vestibular aponta para benefícios que vão além da componente física, mas também funcional e emocional. Além disso, novas abordagens têm vindo a ser investigadas, incluindo: a realidade virtual, a estimulação eletrotátil, o Tai Chi e a hidroterapia (In Han, Song Seok, & Kim Soo, 2011).
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