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Publicado a 11/10/2020

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Tomás Pérez

Disfunções crânio-cervicais: testes de estabilidade global da cervical

Tomás Pérez

Quando falamos em Disfunção da ATM, geralmente os profissionais de saúde pensam em estalos, luxações e bloqueios da articulação chamada ATM. Mas Disfunção da ATM não é só isso. Ela consiste num grande grupo de patologias que afeta os músculos mastigatórios, a ATM, a cervical e/ou estruturas relacionadas.

As disfunções da ATM pertencem à classe de condições musculoesqueléticas degenerativas associadas a deformidades morfológicas e funcionais. Em até 70% dos casos, são acompanhados por alteração do posicionamento do disco e estão muitas vezes associadas a alterações posturais, nomeadamente a alterações na coluna cervical.

Podem afetar a mastigação, deglutição, fala e expressividade facial, podendo provocar outras disfunções e/ou alterações posturais, sendo vital pensarmos nesta articulação como parte integrante do complexo cranio-cervico-mandibular.

Com efeito, a literatura é clara na afirmação que os tecidos da coluna cervical referem dor para a área orofacial e para a cabeça. O mecanismo neuroanatómico que explica a dor referida é a convergência entre aferências trigeminais e aferências dos três nervos cervicais superiores. Essa convergência ocorre em uma área chamada núcleo trigeminocervical (Kraus, 2007).

Uma das alterações posturais mais comuns na cervical, e que interferem no funcionamento da ATM, é a anteriorização da cabeça, que gera extensão cervical com aumento da lordose superior.

Essa postura inadequada da cabeça aumenta a tensão das cadeias musculares tanto posterior quanto anterior, criando hiperatividade nos músculos suboccipitais, como também nos esternocleidomastoideos e nos músculos hióideos, o que modifica a posição do osso hioide e, consequentemente, a ação dos músculos da mastigação, criando uma postura viciosa na ATM, onde o côndilo assume posição mais posterior, podendo ocasionar compressão dos tecidos retrodiscais.

Esta condição pode até mesmo criar um quadro patológico articular muito comum nas disfunções temporomandibulares, chamado de retrodiscite (Tenreiro & Santos, 2011).

Além disso, a rotação posterior do crânio resulta em deslocamento anterior da maxila em relação à mandíbula e translação para a frente pela ação do músculo pterigoideo lateral para manter o suporte oclusal. Esses movimentos levam a hiperatividade do músculo pterigoideo lateral, que pode levar ao deslocamento do disco articular (Uritani et al., 2014).

Confirme quais os testes que pode utilizar para a deteção de disfunções crânio-cervicais, assisteindo ao vídeo onde o nosso fisioterapeuta especialista Tomás Pérez avalia e apresenta um caso prático:

CV: Tomás Pérez é hoje um dos maiores nomes da fisioterapia na área da ATM (disfunções craneo-cervico-mandibulares), tendo sido aluno de alguns fisioterapeutas mais conhecidos neste campo.

Fonte:

Kraus S. Temporomandibular disorders, headand orofacial pain: cervical spine considerations. Dent Clin North Am. 2007 Jan;51(1):161-93

Tenreiro M, Santos R. Terapia manual nas disfunções da ATM. Ed. Rubio: Rio de Janeiro, 2011.

Uritani D, Kawakami T, Inoue T, Kirita T. Characteristics of Upper Quadrant Posture of Young Women with Temporomandibular Disorders. J Phys Ther Sci 2014; 26: 1469–72

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