Este artigo fez parte do Número 6 da Bwizer Magazine – pode vê-la na íntegra aqui.
“As pessoas não decidem o seu futuro, as pessoas decidem os seus hábitos e os seus hábitos decidem o seu futuro.” - F. M. Alexander
Há nove anos atrás (2010)(1) , o European Working Group on Sarcopenia in Older People (EWGSOP) publicou uma definição de sarcopenia que foi amplamente utilizada em todo o mundo e essa definição fomentou avanços na identificação e no cuidado de pessoas em risco ou com sarcopenia. Ficou definida como uma síndrome caracterizada pela perda progressiva e generalizada de massa muscular e força com risco de resultados adversos, como incapacidade física, pobre qualidade de vida e morte. Porque a relação entre massa muscular e força não é linear (a capacidade de gerar força não depende apenas da massa muscular), os critérios para o seu diagnóstico incluíam baixa massa muscular e baixa função muscular (i.e. força ou performance física).
Depois de sabermos que, em 2016, a sarcopenia foi classificada como uma doença pela Organização Mundial de Saúde, conforme foi referido na primeira parte deste artigo, o EWGSOP(2) atualizou a sua definição operacional e as várias estratégias de diagnóstico, considerando agora que a força muscular (medida através da força de preensão ou do teste de levantar-se da cadeira) é o principal parâmetro para medir a função muscular, ainda mais importante que a quantidade de massa muscular. Portanto, é neste contexto, que justificamos o título deste artigo e que reforçamos a importância de partilhar esta mensagem com todos os profissionais de saúde.
As implicações desta condição na saúde humana são várias e largamente conhecidas: aumento do risco de quedas e fraturas(3,4) ; prejudica a realização das atividades da vida diária(5) ; está associada com doença cardíaca(6), doença respiratória(7) e disfunção cognitiva(8) ; menor qualidade de vida(9) ; perda de independência (10,11,12) e morte(13). Em termos financeiros, os custos na saúde pública também já foram calculados em vários trabalhos. Num estudo de Janssen et. al. (14) , em 2004, os custos da sarcopenia nos Estados Unidos foram estimados em 18,5 biliões de dólares anuais, representando cerca de 1,5% dos custos totais na saúde. Num estudo realizado cá em Portugal no Hospital de Santo António no Porto e publicado em 2016(15) , verificou-se que os custos de hospitalização associados à sarcopenia foram superiores em 58,5% para pacientes com idade inferior a 65 anos e em 34% para pacientes com idade igual e superior a 65 anos. Mais recentemente (2018), no Hertfordshire Cohort Study no Reino Unido(16) , verificou-se que os custos associados com a falta de força muscular foram estimados em 2,5 biliões de libras anuais.
No cenário atual, em que o fenótipo do envelhecimento doentio prolifera a olhos vistos em todas as nações industrializadas, em que doenças como a hipertensão, o cancro, a depressão, o alzheimer e a diabetes tipo II estão a acabar com a vida das pessoas, é fundamental adotar medidas que visem a melhoria da função de cada indivíduo ao invés do diagnóstico de doenças e da administração de medicamentos que, além de não contribuírem para resolver este problema, poderão ainda agravar a sua condição. Sabemos que os problemas de saúde principais estão relacionados com a má alimentação, a inatividade física, a falta de sono, o excesso de álcool, a exposição ao tabaco e aos ambientes poluídos, mas também com a falta de movimento de qualidade, de vigor e de força muscular.
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(Este artigo é composto por duas partes, sendo que a 1ª parte foi publicada no número 5 da Bwizer Magazine).
Este artigo fez parte do Número 6 da Bwizer Magazine – pode vê-la na íntegra aqui.
Fonte: Consulte o número 6 da Bwizer Magazine