Fique a conhecer Luis Carlos Pereira, Fisioterapeuta e investigador, apesar de jovem conta já com um percurso invejável que certamente vai inspirar muitos colegas que ambicionam seguir os seus passos! Não deixe de conhecer mais uma "História de Sucesso"!
Fale-nos um pouco de si.
Fiquei obviamente lisonjeado pelo convite do José (Lemos) no sentido de partilhar um pouco daquilo que foi o meu percurso profissional. Refiro contudo que o título da rubrica é excessivo para os contributos que pude aportar à nossa área de intervenção: a Fisioterapia já me deu mais daquilo que eu consegui fazer pela Fisioterapia.
Sou natural do Porto, onde obtive os meus diplomas de ensino e de qualificação profissional. Pertenço aos quadros de um hospital universitário, numa equipa de 36 elementos, onde exerço como Fisioterapeuta e colaborador de investigação desde 2009 e 2011, respetivamente. Viajar é o meu ócio, nada se lhe compara, insubstituível. Deveria ser obrigatório à imagem do que outrora foi o serviço militar :)
Quando era adolescente, que profissão gostaria de ter no futuro? Sempre sonhou em ser Fisioterapeuta?
Quantos de nós, Fisioterapeutas, sabiam o que era verdadeiramente a Fisioterapia antes de vestirem a sua farda no seu 1° dia de trabalho? Uma minoria seguramente, eu não sou exceção. A Saúde e a Ciência eram, enquanto jovem adolescente, domínios de interesse valorizados por um relativo sucesso académico. A seleção em particular da Fisioterapia no leque de escolhas do domínio formou-se mais tarde, no momento de decisão da candidatura ao Ensino Superior. Esta terá porventura sido influenciada por repetidas experiências enquanto paciente no contexto médico-desportivo.
No seu percurso profissional como Fisioterapeuta, quais foram as experiências que mais a marcaram?
Casos clínicos bem-sucedidos são excelentes para nutrir o ego de todos os clínicos. Mas fazendo uma retrospetiva, foram sobretudo momentos em que tive que sair da minha “zona de conforto” que permitiram determinar o percurso profissional: casos clínicos de insucesso aparentemente banais, discussões e conflitos na defesa de valores pessoais e coletivos da nossa classe, desafios de exceção como gerir uma seleção nacional de uma modalidade desportiva, exercer em realidades clínicas à escala internacional – todas são experiências que não poderia suprimir para fazer o que hoje faço. Por ser a mais recente refiro o um Certificate of Advance Studies em Quality of Healthcare Services obtido em 2015. Além de me permitir observar a realidade num espectro mais alargado, esta formação projeta-me para um novo e altamente complexo contexto de chefe de projeto.
Saiu de Portugal e está a trabalhar neste momento na Suiça. Como surgiu esta oportunidade? Sempre quis sair de Portugal?
Felizmente foi uma escolha. Primeiramente pessoal, um objetivo de vida sempre idealizado ancorado no fascínio pelo contacto intercultural. Depois pela sede de conhecimento inovador e distinto daquele que, à data, poderia obter no nosso país. No momento em que ultimava o dossier de candidatura ao Health Professions Council e à Chartered Society of Physiothrapists para exercer no UK, recebi um convite de uma agência de recrutamento para fazer uma entrevista na Suiça. Coup de coeur, amor à primeira vista, o interesse foi recíproco e até à data as coisas vem-se sucedendo naturalmente. País de belezas fascinantes, a não perder para os que ainda não tiveram a oportunidade.
Trabalha na área da investigação o que não é muito comum na área da Fisioterapia. Que trabalho tem desenvolvido em particular nesta vertente?
Percebo a questão mas a minha franqueza obriga-me a manifestar um parcial desacordo com a mesma. É apenas uma questão de zoom ou da escala utilizada na observação. Tive a oportunidade de estar recentemente no WCPT Congress, em Singapura, e conheci largas centenas de colegas que trabalham em investigação. Em Portugal a realidade é de facto outra, mas felizmente que a mentalidade tem vindo a evoluir. Saúdo fortemente as iniciativas da BWIZER nesse sentido, vocês tem-se tornado um aliado do desenvolvimento. De uma maneira global a minha área predominante de intervenção é a artrose e as diferentes terapêuticas (joelho, anca). Colaborando com Swiss Bio Motion Lab, tenho a possibilidade de participar em projetos cuja análise do movimento se torna o vetor de investigação.
Já participou em algumas formações Bwizer. Quais as que mais a marcaram e que partido tira delas atualmente?
Não participei em tantas quanto gostaria. A última que efetuei, KinesioTaping, é uma modalidade terapêutica que costumo apelidar de bastante sexy e que me permite de validar competências numa área que me é particularmente próxima: ortóteses e contenções funcionais. Obrigado ao Paco e ao Ricardo, formadores nos KT 1,2 e 3.
Como concilia a sua vida pessoal com a profissional?
Com “pinças”, smartphone e muita imaginação. A estrutura de organização típica do pensamento científico ajuda à gestão do dia-a-dia, mas é utópico não infringir prejuízo na duração do período de sono. Repouso ativamente fazendo desporto, durmo em média 6h/dia, uso as férias e um ou outro fim de semana para recuperar o sono perdido. Em suma, uma vida como a maior parte dos membros da classe.
Uma curiosidade sobre si que nada tenha a ver com a fisioterapia.
Sou obstinado e extremamente exigente, a começar comigo. A minha lista de excentricidades inclui a gastronomia, a vitivinicultura e de quando em vez o snowboard.
Uma dica ou frase de inspiração para aqueles que gostariam de seguir os seus passos?
Nada de clichés repetidos ou frases pseudoinspiracionais. Sucesso é um termo socialmente envaidecido que no terreno desponta naturalmente como consequência de trabalho, organização, audácia. Procurem rodear-se de pessoas competentes, justifiquem incessantemente o nobre título conferido pelo diploma de Fisioterapeuta e um dia o reconhecimento baterá à porta. Bom 2016!