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Publicado a 25/06/2019

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Tiago Lopes

História de Sucesso com Tiago Lopes (Bwizer Magazine)

Tiago Lopes

Este artigo fez parte do Número 7 da Bwizer Magazine – pode vê-la na íntegra AQUI. 

Fale-nos um pouco de si.

O meu nome é Tiago Lopes, tenho 26 anos e sou Fisioterapeuta desde 2016. Defino-me como alguém empreendedor, que gosta de sair da sua zona de conforto - no fundo, um inconformado. Acredito que todos devemos deixar a nossa marca, quer nas pessoas, quer nos sítios por onde passamos. Tenho uma família e um grupo forte de amigos que compactuam com as minhas loucuras, acabando sempre por fazer parte delas. Acima de tudo sou muito grato por fazer o que me dá prazer e estar rodeado de gente que acredita em mim.

Uma curiosidade sobre si que nada tenha que ver com a sua atividade do dia a dia?

Tenho algumas paixões que me acompanham de uns anos a esta parte. A primeira, o Futebol. Desde os 6 anos que pratico esta modalidade e, sem dúvida, que ainda hoje (apesar de apenas em lazer) me enche a alma ter uma bola nos pés.

Depois, a História das Pessoas, das Coisas, de Tudo, porque adoro perceber de onde tudo surgiu e o seu porquê, pois acredito que só tendo o passado como fundo podemos objetivar e até programar o Futuro. Por último, o Fado, mais concretamente a Guitarra Portuguesa, que apareceu recentemente na minha vida, mas que me tem enchido o coração e desafiado dia após dia, mais uma vez associado a este (tão meu) defeito de gostar de sair da minha zona de conforto.

Como concilia a vida pessoal com a profissional?

Acho que a “pior parte” de estar ligado ao Desporto e de ter um espaço próprio acaba por ser mesmo o pouco tempo que resta para nós e para os nossos. Considero mesmo que a minha família, namorada e amigos, acabaram por, ao longo destes anos, ficar algo que “ anestesiados” à minha ausência.

Raro é um fim de semana passado em casa. Mesmo que tal se tenha amenizado com a pausa que acabei por fazer no Desporto, a verdade é que formações, clientes fora de horas ou eventos desportivos ocasionais roubam-nos tempo útil com eles. No entanto, acredito muito na lei do retorno e sei que, mesmo que não seja a curto ou médio prazo, os dividendos deste “sacrifício” serão mais cedo ou mais tarde colhidos.

Sempre sonhou ser Fisioterapeuta? Como surgiu esta profissão na sua vida?

Por ter desde sempre esta ligação ao Futebol, acho que sempre sonhei ser jogador de Futebol. Lembro-me perfeitamente de, na primária, a professora me perguntar qual o músculo mais importante do corpo humano e eu responder, convictamente, que para mim eram os músculos das pernas porque nos faziam chutar com mais força. Felizmente que os conhecimentos anatómicos melhoraram um pouco e percebi, ao longo dos anos, que a minha arte e engenho para o desporto rei não eram os melhores.

Foi no último ano de júnior que, após uma fratura de stress, vi a forma como o Fisioterapeuta que nos acompanhava me explicou anátomo-fisiologicamente o que me tinha acontecido e logo pensei ”tenho de perceber como ele sabe tanto!”. Do querer ao ser ainda demorou um pouco, pois entrei inicialmente em Terapia Ocupacional, uma vez que não me quis deslocar de casa visto que treinava ao início da tarde e o sonho da bola ainda estava presente. Um ano depois, consegui atingir o meu objetivo.

No seu percurso profissional, quais foram as experiências que mais o marcaram?

Tenho duas experiências que me emocionaram e marcaram. São duas experiências que acabam por traduzir tudo o que nós, enquanto Fisioterapeutas, temos o poder de fazer.

A primeira foi com uma senhora, pós-operatório de 3 meses de PTJ que não dobrava o joelho mais que 85 graus e estava super limitada funcionalmente. Após a nossa primeira intervenção, e ao descer umas escadas de forma minimamente funcional, pediu-me um abraço, agradeceu-me e chorou desalmadamente. Literalmente, um pequeno passo para nós, foi uma mudança de vida para ela.

A segunda, já no Futebol profissional, foi com um atleta que tinha uma lesão ainda complexa no joelho. Estava até então a ser o matador da equipa. Conseguimos colocá-lo apto antes do tempo previsto para competir, no entanto, num jogo de treino voltou a lesionar-se, de novo uma lesão traumática, mas desta vez no membro oposto. Trabalhamos durante mais um mês, todos os dias, sem folgas. Regressou num jogo da Taça, fez um golo e conseguiu levar a decisão para penáltis - que acabamos por vencer. Todo o estádio festejou o golo dele, e nós festejamos todos os dias e horas de trabalho para que esse golo fosse possível!

São duas situações muito diferentes, mas que me fazem acreditar que o poder que temos nas nossas mãos e nas nossas mentes é capaz de mudar o mundo, seja ele qual for.

Decidiu apostar mais esforços em alguma área em particular? E se sim, porquê?

Sim, logo nos tempos de estudante percebi que a área Neuro-músculo-esquelética era a minha predileta, apesar de ver na Neurologia uma área extremamente interessante e de ainda hoje a considerar o pano de fundo de toda a intervenção em fisioterapia.

Como surgiu a ligação ao desporto?

Cerca de 2 semanas após a conclusão do curso recebi uma proposta para integrar uma equipa com objetivo claro de subida à 2ª Liga de Futebol. Depois, acabei por saltar de projeto em projeto, passei pela formação e Futebol Sénior Distrital até que aceitei a proposta do Leixões Sport Club, no início deste ano desportivo.

Sabemos que já teve um gabinete de Fisioterapia e que hoje tem uma clínica. O que o motivou a apostar primeiro num gabinete e, algum tempo depois, numa clínica?

Essencialmente porque acredito, desde sempre, numa Fisioterapia que vê o paciente como um todo e aposta numa abordagem global do mesmo. O projeto inicial do gabinete era puramente um escape à rotina, pois na altura acompanhava uma equipa no final do dia e trabalhava a tempo inteiro numa clínica convencionada. Foi uma forma de eu e mais três colegas conseguirmos ter um espaço em que pudéssemos realizar uma intervenção independente e autónoma. Olhando para trás, contribuiu em muito para o nosso crescimento. No entanto, com o passar do tempo fui amealhando conhecimento e dinheiro, e tinha o sonho de abrir um espaço próprio, multidisciplinar e de acordo com aquela que deve ser, na minha opinião, a abordagem que o cliente que nos procura merece. Assim, nasceu a +Physio, que mais que um espaço de fisioterapia, pretendemos que ofereça, a quem nos procura, uma vasta gama de serviços de saúde.

Como construiu a sua equipa de trabalho?

Conhecia pessoas, da minha total confiança, para cada área de intervenção, que compartilham e acreditam neste conceito. Se queria uma abordagem multidisciplinar, teria, pois, que me munir dos melhores em cada uma das áreas. Reconheço em todos um enorme potencial e que me têm ajudado a manter este sonho vivo. Sou-lhes a todos, eternamente, grato.

Quais os desafios e medos que enfrentou? Foi tudo fácil?

Apesar de ser aventureiro, sou também em alguns aspetos, até demasiado, conservador. Preferi amealhar, juntar o meu pé de meia durante o tempo em que estive estável e não entrar em demasiadas extravagâncias financeiras. O meu maior desafio passou e passará sempre por honrar os meus compromissos. E crescer. Crescer de forma sustentada e segura. Começamos com uma marquesa, um banco móvel e pouco mais. A cada mês predisponho-me a acrescentar mais uma ou outra ferramenta, dando assim até mais valor a cada conquista. O mais difícil talvez tenham sido mesmo as questões burocráticas, mas felizmente nunca ninguém me fechou as portas e com persistência tudo se consegue.

Hoje sente-se recompensado? Faria algo de forma diferente?

Costumo dizer aos meus que posso não ter a melhor recompensa financeira, que posso até trabalhar demais, mas que nada paga a sensação de dever cumprido e o sentimento único da certeza de que dei tudo por cada pessoa que confiou em mim. Acho que mantinha tudo igual, acredito que tudo tem o seu tempo e a sua forma de acontecer.

Na sua opinião, qual a importância da prática privada na Fisioterapia, em Portugal? A concorrência é positiva?

Feliz vos digo que denoto que cada vez mais a prática privada se assume no mercado nacional e as pessoas começam a reconhecer a sua importância e qualidade, remetendo para segunda instância o protocolo habitual que todos conhecemos. Hoje, a sociedade vê o Fisioterapeuta como um profissional de primeiro contacto e reconhece-lhe competência – isto é, sem dúvida, fruto da evolução da Fisioterapia em Portugal e do trabalho que os colegas têm vindo a fazer ao longo dos anos. Peça fundamental nesta equação é também a concorrência, que na minha opinião só é negativa para quem estagnou. Há pacientes para todos, cabe a cada um perceber se está a dar o melhor de si e a honrar o símbolo que temos ao peito.

Como acha que a Fisioterapia pode evoluir/ crescer?

Não tenho dúvidas nenhumas que a Fisioterapia irá continuar a crescer. Temos profissionais de excelência, estabelecimentos de ensino competentes e instituições que investem muito na formação contínua do Fisioterapeuta. Agora podemos é fazer com que esse crescimento seja mais célere. Isso, na minha perspetiva, passa essencialmente por uma revisão do programa de estudos das licenciaturas e pela finalização do processo, que todos aguardamos, da criação da Ordem dos Fisioterapeutas.

Como procura elevar-se a si e à sua profissão?

Sempre fui apologista da frase “não faças aos outros o que não gostas que te façam a ti”. Tento aplicar isto aos profissionais que trabalham comigo. Prefiro que o meu bolo seja mais pequeno, mas que eles recebam o que efetivamente considero justo, mesmo sabendo que isso poderá atrasar o crescimento da minha empresa. Já a minha elevação passa por uma constante busca de conhecimento, de forma a dar o melhor de mim ao meu cliente, seja através de formações, artigos ou discussões - vivemos num mundo global, só não cresce quem não quer.

Quais os seus projetos para o futuro?

Implementar, ainda de forma mais vincada, um conceito onde o cliente que nos procura consiga encontrar toda uma gama de serviços que corresponda às suas necessidades. Tudo isto associado a uma intervenção diferenciada de primeiro contacto, sem receitas nem batas brancas por trás. Após esta fase, um espaço mais amplo e abrangente será o próximo passo.

Já realizou algumas formações com a Bwizer. De que forma é que estas impactaram o seu dia a dia?

Desde que terminei o curso, em 2016, não parei de realizar formações e a Bwizer tem sido a minha entidade de eleição. Aconselho vivamente “Terapia Manual Segundo o Conceito Osteoetiopático”, porque mais que uma ferramenta, esta formação ajudou-me a definir a minha abordagem tendo um impacto brutal na minha prática!

Uma dica ou frase de inspiração para aqueles que gostariam de seguir os seus passos?

Sonhar, tão só. Depois há que ter a ousa­dia de arriscar. E não é amanhã. Tem de ser hoje. porque se não trabalharmos nos nossos sonhos, haverá alguém que nos irá pagar para que trabalhemos nos dele.

 

Este artigo fez parte do Número 7 da Bwizer Magazine – pode vê-la na íntegra AQUI.

Fonte: Consulte o número 7 da Bwizer Magazine

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