Longe das grandes cidades, em Trás-os-Montes, Marta Mendes trabalha na Unidade de Cuidados Continuados de Mogadouro, faz parte da Equipa Domiciliária de Cuidados Paliativos do Planalto Mirandês e tem o seu próprio Gabinete de Fisioterapia. Marta acredita que tudo é possível, quando realmente acreditamos no que queremos. Leia a entrevista e saiba mais!
Conheça Marta Mendes, mais uma História de Sucesso Bwizer.
1) Fale-nos um pouco de si.
Sou Fisioterapeuta, trabalho desde 2008 na Unidade de Cuidados Continuados de Mogadouro onde me deram a possibilidade de iniciar a minha vida profissional antes de terminar a licenciatura, situação pela qual tenho muito a agradecer, não só á entidade patronal mas a todos os professores e colegas que muito contribuíram para aquilo que sou hoje. Desta forma, consegui garantir um emprego e não ter de fazer como tantos outros e sair do país.
2) Quando era adolescente, que profissão gostaria de ter no futuro?
Quando era mais nova nunca pensei em ser fisioterapeuta, dizia sempre que ia ser professora de ensino básico.
3) Quais os trabalhos/experiências profissionais que mais a marcaram?
Eu pertenço a uma Equipa Domiciliária de Cuidados Paliativos. Sinceramente, é um trabalho bastante complexo pela carga emocional que acarreta e deixa marcas na nossa própria vida. Tem sido um trabalho marcante já que, na maioria das vezes, temos de nos direcionar para a qualidade de vida do utente e esquecer a reabilitação que sempre nos foi incutida. De qualquer forma, é muito gratificante saber que conseguimos aliviar o sofrimento dos nossos utentes no seu final de Vida.
4) O que a levou interessar-se pela Fisioterapia?
O meu interesse pela Fisioterapia começou em 2003, quando tive um problema no joelho esquerdo e tive de ser operada ao menisco. Iniciei a Fisioterapia no pós-operatório e apaixonei-me; desde esse momento senti que a minha profissão não poderia ser outra. É muito bom poder ajudar os outros num momento de fragilidade e isso foi suficiente para tomar a minha decisão. Quando concorri à faculdade, as escolhas foram só dentro da Fisioterapia, não tive qualquer intenção de optar por outra área, nem que tivesse que repetir novamente um ano de Ensino Secundário.
5) Que formações fez com a Bwizer e que partido tira delas atualmente?
Já realizei bastantes formações na Bwizer: Geriatria, Kinesio Taping KT1, KT2 e KT3, Massagem Pré e Pós-Parto, Reabilitação Perineal Ativa e ainda um Workshop de Vacuoterapia. E todas elas foram, sem dúvida, uma mais-valia na minha prática profissional.
De facto, aplico quase diariamente as técnicas que aprendi: as de Geriatria são muito úteis no tratamento de idosos, na Unidade de Cuidados Continuados em que trabalho. E ainda há pouco tempo apliquei Kinesioterapia a uma senhora que tinha uma fratura no cólo do fémur.
A Vacuoterapia, por outro lado, aplico no meu gabinete, é uma técnica bastante procurada, e as Massagens pré e pós-parto também: consultam-me muitas pacientes, sobretudo com dores de coluna, em que o meu conhecimento na área se torna indispensável. Num futuro próximo quero iniciar-me na área de Reabilitação Perineal Ativa, infelizmente ainda não tive oportunidade de o fazer, mas está nos meus planos a curto prazo.
Para complementar a minha formação, estou também inscrita no curso de Trigger Points. Acredito que, enquanto profissionais de saúde, devemos estar constantemente atualizados e a par das novas formações existentes no mercado, porque esse é um fator muito importante para nos diferenciarmos!
6) Mantém a sua atividade profissional em Mogadouro? Como está a correr?
Sim, mantenho, e pretendo continuar. Continuo na Unidade de Cuidados Continuados de Mogadouro, faço parta da Equipa Domiciliária de Cuidados Paliativos do Planalto Mirandês e abri um Gabinete de Fisioterapia para, nos meus “tempos livres”, poder trabalhar com outro tipo de população. Posso dizer que tenho muito trabalho, e sinto-me feliz e realizada por isso. Apesar de estar longe dos meios grandes vou realizando alguma formação, e tentando cada vez mais ter capacidades para dar resposta a um grande número de situações. Para crescermos como profissionais, temos de marcar a diferença, e sem formação adequada nunca seria possível. Neste aspeto, a Bwizer tem tido um papel fundamental.
7) Como concilia a sua vida pessoal com a profissional?
Nem sempre é fácil conciliar tudo, quando, por vezes, se trabalha quase 12 horas por dia, 6 dias por semana, mas tenho uma Família e um Marido que me dão o apoio necessário para que tudo isso possa ser possível. Tenho ainda a vantagem e a facilidade de estar perto de tudo, mudo de local de emprego em cinco minutos e não apanho trânsito nenhum!!!
8) Uma curiosidade sobre si que nada tenha a ver com a fisioterapia.
Adoro frutos secos. E gosto muito de cozinhar doces!
9) Quais suas expectativas para o setor da Saúde em Portugal perante as atuais condições económicas do País?
Não é fácil responder a essa pergunta quando o nosso país se encontra na situação atual. O setor da saúde vai passar por dias muito difíceis, tem-se visto cuidados de saúde básicos com uma qualidade cada vez inferior. Trabalha-se cada vez mais na possível cura de um problema que já está instalado e a provocar sofrimento, e esquece-se que a prevenção é ainda mais importante, e, desta forma, as pessoas vão ter cada vez menos qualidade de vida.
10) Na sua opinião, vale a pena emigrar? Para onde iria?
Neste momento, sim, acho que vale a pena emigrar. É triste dizê-lo mas é a realidade, não existem grandes oportunidades no nosso país. Mas penso que é necessária muita coragem, só o faria se não conseguisse mesmo nenhuma oportunidade, iria lutar ao máximo para me manter no meu país. No entanto, iniciar cá uma carreira, de momento, é praticamente impossível, o que leva milhares de portugueses a procurar oportunidades no estrangeiro, não só na nossa área. Para onde iria? Não sei, mas penso que para qualquer sitio onde pudesse ter trabalho, mesmo que não fosse na Europa.
11) Uma dica ou frase de inspiração para aqueles que gostariam de seguir os seus passos?
Tudo é possível, às vezes basta querer. O meu trajeto foi feito com algum sacrifício, mas consegui. O mais importante para o meu sucesso foi a sinceridade e a luta por realizar formação adequada e marcar a diferença perante a concorrência que me rodeia.