Conheça Ruben Ferreira, o mais recente Certified Kinesio Taping Instructor® português. Nesta entrevisa, Ruben fala-nos do seu percurso até à realização e sucesso professional no desporto de alta competição no Al Ahli FC no Dubai e quais os segredos para atingirmos os nossos sonhos!
1. Nome e idade
Chamo-me Ruben Ferreira, tenho 25 anos e sou natural de Espinho
2. O que o levou a optar pela Fisioterapia?
Na verdade quando entrei no curso de Fisioterapia não tinha uma ideia concreta do que seria, sabia que estava relacionado com “tratar pessoas com as mãos” (…).
No entanto, durante o acamamento do meu avô, uma enfermeira ia lá a casa trata-lo e mobilizava-o e eu achava piada a esse contacto. Por outro lado, quando era miúdo e me magoava a brincar com os colegas ou nos treinos de voleibol, era tratado por um massagista, e aquele ato de recuperar as lesões com as mãos fascinava-me.
Talvez por esses dois motivos, desde do 9º ano que estava convicto de que queria trabalhar na área da saúde (..), a escolha da fisioterapia veio um pouco depois, em conversa com uma amiga que ia para este belo curso, elucidou-me e percebi que o curso que me ia ajudar a “tratar pessoas com as mãos” era o curso de Fisioterapia...e aí fui eu!
3. Onde trabalha neste momento?
De momento estou a trabalhar na equipa principal de futebol do Al Ahli FC no Dubai
4. Quais os principais desafios do seu emprego? E o que mais o motiva?
Sendo fisioterapeuta a trabalhar no desporto, o maior desafio da minha atividade profissional é o encurtamento dos prazos de reabilitação dos jogadores lesionados, sendo que essa luta contra o tempo é das coisas que mais me motiva, sem dúvida!
Por outro lado, grande parte da motivação vem também da parte competitiva; saber que o nosso departamento tem parte ativa no sucesso alcançado pela equipa durante os jogos enche-me de alegria e motivação para tentar fazer mais e melhor dia após dia.
5. Quais os trabalhos/experiências profissionais que mais o marcaram? Pode falar-nos da sua experiência no Dubai?
A passagem pelo SC Braga foi um passo muito importante na minha vida profissional, dado com a ajuda de um grande homem, um grande amigo e colega de trabalho que tive no SC Braga B, o fisioterapeuta Hélder Ranhada, que me ensinou e ajudou muito, foi como um “pai” na fisioterapia.
Em relação à minha experiência no Dubai, do ponto de vista profissional só lhe posso apontar pontos positivos!
Em primeiro lugar porque tive a sorte de formar equipa com o Dr. João Pedro Araújo, estando ambos a trabalhar única e exclusivamente no clube, o que nos permite uma dedicação a 100%. Criamos uma dinâmica de equipa que claramente deu frutos durante esta época, contando que na época que se avizinha consigamos melhorar ainda mais a eficiência da nossa equipa de departamento médico, a qual foi sujeita a um upgrade contando nesta próxima temporada 2014/15 com a colaboração de quem foi e tem sido um grande tutor (durante a licenciatura e após a mesma) e amigo o fisioterapeuta Paulo Barreira que exercia funções na equipa principal de futebol do Liverpool FC, na época transacta.
Outro grande desafio que encontrei na mudança de local de trabalho, do contexto de clinica na Fisiomato para o SC Braga, foi a readaptação dos atletas ao campo. Isto é algo que nos escapa completamente durante o curso e mesmo durante a prática clínica fora de clubes, isto porque, tendencialmente, o fisioterapeuta é conservador, analítico e “demasiado terapêutico” em relação ao exercício. Foi algo que rapidamente percebi que na readaptação ao campo não funciona. Por isso tive de rever a minha forma de pensar e estruturar o meu trabalho nesta tarefa do fisioterapeuta que intervém no desporto.
6. Quais as memórias que ficam da época fantástica que passou?
Muitas boas recordações, uma conquista de um campeonato e uma taça, muitas vitórias ao longo da época. Foi uma época muito feliz! No final esteve também reservada a experiência de perder uma final, ou seja, foi uma época muito rica em experiências, soube o que era ganhar mas também soube o que era perder, e lidei muito bem com ambas. O balanço foi positivo, é o importante!
7. Que cursos frequentou na Bwizer, e de que modo se afiguram atualmente uma mais-valia na sua profissão?
O Método de Kinesio Taping é uma ferramenta de uso diário na minha prática clínica, ajudou-me imenso no tratamento de pacientes privados em que os via semanalmente (ajudava-me a manter os resultados da sessão) e continua a ajudar-me todos os dias no desporto, contanto com ele para colocar os nossos atletas a treinar mais e melhor dentro e fora das reabilitações.
O Método de Mézières faz também parte do meu dia-a-dia, é uma técnica que me tem ajudado imenso também. Os cursos que frequentei na Bwizer foram sem dúvida apostas ganhas!
8. O que mudou quando se tornou Certified Kinesio Taping Instructor®?
Estou certo que tinha toda a potencialidade para mudar bem mais na minha atividade laboral, especialmente no que diz respeito à componente académica, mas como me tornei CKTI em Novembro, sendo que nesse mesmo mês recebi a proposta do Ah Ahli FC (…), essa potencialidade ficou um pouco sub-aproveitada.
Apesar disso, o CKTI fez com que ficasse um professional mais retrospectivo e metódico em relação ao meu trabalho, uma vez que agora tenho responsabilidades acrescidas: não estou somente a trabalhar para a minha evolução professional, estou a trabalhar também para formar profissionais cada vez mais informados e capazes no que diz respeito ao Método de Kinesio Taping.
9. Como lida com a sua vida pessoal, em confronto com a profissional?
Já não me recordo onde vi isto escrito ou quem me disse isto mas… “todos os nossos desejos têm um lado negro, que tendemos a não o ver antes de os concretizarmos”. Esta frase faz todo o sentido para quem trabalha no desporto, porque sem dúvida que o “lado negro” de um fisioterapeuta no desporto é o sacrifício da vida pessoal/familiar em detrimento da vida profissional, no entanto as alegrias profissionais acabam por amenizar o que de “mal” nos traz à vida pessoal. Trabalhar no desporto é algo que é feito 24h/dia 7dias/semana, e sem decreto para férias, é o preço a pagar por se fazer o que realmente se gosta, contou-me alguém – Hugo Belchior – no 4º ano de universidade que isto era o chamado custo de oportunidade! (…)
Quando vim para cá estava a iniciar uma fase muito importante da minha vida, ia iniciar uma união de facto com a minha cara-metade que teve de ficar em suspenso, no entanto com compreensão parte-a-parte conseguimos ver nisto uma oportunidade e não uma ameaça, o que de qualquer das formas não deixou de acarretar um grande prejuízo a nível pessoal/familiar. É muito importante quem tem uma profissão “instável” como esta ter ao seu lado alguém com inteligência emocional para aguentar mudanças de plano súbitas e mudanças de vida. Eu tenho essa sorte.
10. Uma curiosidade sobre si que nada tenha a ver com o seu dia-a-dia na fisioterapia?
Não é que tenha muito jeito, mas sou viciado em tocar guitarra, de tal forma que deixei as minhas guitarras em Portugal e quando vou ao shopping aqui “quase que olho para o lado” quando passo nas lojas de instrumentos musicais para não cair na tentação de comprar uma, isto porque se tiver uma guitarra em casa tenho a certeza absoluta que me vai roubar grande parte do tempo livre, tempo esse que necessito para me organizar, mas que quando estou com a guitarra nas mãos esqueço tudo!
11. Na sua opinião, vale a pena emigrar?
Sou suspeito porque desde o primeiro dia que me identifiquei muito com o Dubai, além de que acredito que não existam muitos sítios que proporcionem uma qualidade de vida como esta cidade.
Mas eu sou completamente apologista da emigração, desde que se vá para melhor, porque não?!
Da mesma forma que não temos obrigatoriamente que viver na mesma casa ou lado-a-lado com os nossos pais toda a vida, também não temos de trabalhar no país onde nascemos. Isso são amarras que não me fazem qualquer sentido, num mundo em que as distâncias tendem a tornar-se cada vez mais curtas. Gosto de pensar que sou um cidadão do mundo, e certamente estarei onde me for mais favorável e o projecto for mais aliciante.
Não quero com isto dizer que é mandatório sair do país onde se nasceu, longe disso, o importante é estarmos onde nos sentimos felizes, realizados e recompensados. No entanto, que é uma experiência extremamente enriquecedora viver fora do país, longe da nossa zona de conforto e com diferença cultural, sem dúvida que é, ainda que o desejo seja sempre voltar um dia.
12. Uma dica ou frase de inspiração para aqueles que gostariam de seguir os seus passos?
Acho que não existe formula mágica para se ter o privilegio de entrar numa fase boa da vida como esta está a ser – não gosto de falar em sucesso porque isso é o que se vê quando se faz uma retrospectiva de uma carreira, e eu estou ainda a dar os meus primeiros passos, ainda não saí de casa – no entanto, tenho a certeza absoluta de que quem se especializar e TRABALHAR EM EQUIPA orientando-se por valores como o empenho, sacrifício em prol do seu trabalho, humildade, poder de encaixe de crítica, vontade e abertura para saber cada vez mais tem uma probabilidade claramente maior de viver a concretização dos seus desejos e ambições.
No final disto tudo temos de ter uma ponta de “sorte”, porque infelizmente existe quem pratique isto mas que acabe por não colher os frutos pretendidos, apesar disso está sempre mais perto do que quem não pratica esse exercício. Mas mesmo que a “sorte” ainda não tenha chegado, não desistam, o que interessa não é como começa, é como acaba!
E se for premiado com a concretização do seu objetivo não relaxe, a linha da meta não é quando atingimos o nosso objetivo profissional, isso é o início da corrida! O final dessa é quando atravessas a meta carregando o objetivo ainda às costas! Aí sim, podes “arrumar as mãos” e falar de sucesso…até lá são só fases boas da tua vida professional!