Apresentamos-lhe mais uma História de Sucesso: Edição Gabinetes. Nesta edição entrevistamos Maria João Palmeira, responsável pelo gabinete Movimento Encadeado em Telheiras, Lisboa e descubra o que a motivou a abrir o seu próprio espaço. Mais uma história inspiradora!
1) Qual o nome do seu gabinete e onde se situa?
O Gabinete denomina-se Movimento Encadeado, fisioterapia lda. Fica em Telheiras Lisboa na rua Poeta Bocage n2 2c.
2) Fale-nos um pouco sobre o seu espaço. Qual o conceito e quais as áreas de atuação?
Tal como o próprio nome indica, tencionamos mostrar a nossa intervenção "encadeada" com outros profissionais. Trabalhamos unicamente na área músculo - esquelética, mas o nosso objetivo foi criar um "produto" diferenciado. Uma das grandes mais-valias do nosso gabinete é a relação com o exercício e integração no treino. Temos terapeutas que trabalham na área do desporto, inclusive de alta competição, mas não esquecemos o exercício físico, felizmente tão usual hoje em dia. Temos a preocupação de fazer essa transição da patologia para o treino diminuindo a possibilidade de recidiva. Trabalhamos em parceria com ginásios e profissionais do exercício.
Defendemos a fisioterapia feita por fisioterapeutas, e cuidamos dos nossos utentes de forma individual. A qualidade da nossa intervenção é prioritária e obrigamo-nos a fazer formações/atualizações, ouvir e falar em congressos ou similares.
3) O que o motivou para deixar de ser só fisioterapeuta e assumir também o papel de empresária, lançando-se num negócio próprio?
A vida é feita de passos e há alturas adequadas para dar determinados passos. Aprendi muito em todos os locais onde trabalhei, mas cheguei a um ponto em que já sentia necessidade de autonomia. Não só por motivos financeiros, mas também porque a "minha fisioterapia " já não se enquadrava nos espaços onde trabalhava. Fui crescendo aos poucos, inicialmente com gabinete em part-time, até chegar ao ponto em que já não tinha tempo para atender mais utentes, pois passava algumas horas a trabalhar para outrem. Era hora de dar o salto. Se tivesse sido precoce, provavelmente não seria tão bem dado. Além do mais, tinha ideias que queria desenvolver e áreas onde queria intervir que não podia concretizar onde estava.
Continuo apaixonada pela fisioterapia ao fim de 20 anos de profissão! Hoje mais do nunca, onde posso exercer o que construí a meu gosto, com muito suor e dedicação. Todos os anos faço formação. A ciência evolui e não devemos parar no tempo. E como sou patroa, não preciso de pedir autorização para ir aos cursos. :)
4) Da sua experiência, quais os principais desafios e obstáculos que um jovem fisioterapeuta encontra quando pretende criar o seu gabinete?
Para mim o mais difícil, foi saber exatamente o que tinha que fazer para estar dentro da legalidade. Registo na ERS, contractos de trabalhos etc. Na altura tive pena de não ter mais conhecimentos de gestão. Acabei por dar a volta ao problema, pedindo conselhos a colegas que já tinham passado por esse processo. Era bom haver uma checklist que pudéssemos verificar se já tínhamos cumprido com todos os itens... Tenho observado nos grupos de discussão de fisioterapeutas, que essa é sempre um dos problemas da maioria dos profissionais que como eu querem ter negócio próprio. Realmente estudamos para ser fisioterapeutas e não gestores...
Para mim era fundamental estar dentro da legalidade! Registei o meu gabinete na ERS, que deram um apoio com o qual não esperava. Mas existem uma série de procedimentos que não vêm explícitos em lado nenhum. Por exemplo: livro de reclamações (obrigatório e a multa é gigante para quem não tem), tabela de preços (tem que estar afixada), são exemplos de pequenos pormenores sobre os quais não estamos informados.
Um bom técnico oficial de contas é fundamental pois habitualmente sabe orientar a nossa gestão.
5) São vários os fisioterapeutas que estão neste momento a equacionar a possibilidade de se tornarem empresários e lançarem-se no mundo dos negócios. Que mensagem deixaria para eles?
Devemos dar esse passo de forma gradual, quando já começamos a ter uma "carteira" de utentes significativa. Um passo de cada vez e não assumir encargos cujo pagamento poderemos não conseguir garantir. De início, as rendas dos espaços onde trabalhei eram uma percentagem. Esta situação é muita vantajosa pois se tivermos um mês fraco, não temos encargos fixos.
Ao longo dos anos fui adquirindo material, tais como marquesas ou equipamentos de eletroterapia e de ginásio. Quando me mudei para o meu espaço, não foi necessário grandes investimentos a este nível, o que ma facilitou a vida.
Procurem uma abordagem que vos diferenciem dos outros gabinetes. Seja na área de intervenção ou forma de a abordar, é importante criar algo que faça com que venham bater a nossa porta e não a do lado.
A qualidade e seriedade do Fisioterapeuta acaba por trazer a diferenciação e a procura.