Um dos pupilos de Michal Novotny, João Carronda, quase se tornou tenista profissional na adolescência. Sendo o desporto um gosto pessoal e profissional, especializou-se em Fisioterapia Desportiva de Elite e agora traça novos caminhos no Sul da França. João sonha em voltar a Portugal e abrir o seu próprio negócio. Enquanto isso, colhe os frutos do que aprendeu em duas grandes experiências profissionais. Saiba quais!
Conheça João Carronda, mais uma História de Sucesso Bwizer.
1. Quando era adolescente, que profissão gostaria de ter no futuro?
Quando era adolescente gostaria de ter tido oportunidade de seguir o percurso de jogador de ténis, que iniciei aos 7 anos. Mas cedo compreendi que, por várias razões, tal não seria possível. Assim, tive a certeza de querer trabalhar no mundo do desporto, que mais tarde viria a conjugar com a vocação pela área da saúde.
2. Qual a escolha mais difícil que fez na vida?
A escolha mais difícil que fiz foi, sem dúvida, a de sair do meu país, a de deixar a minha família e os meus amigos.
3. O que o fez optar pela formação em Fisioterapia? Tem licenciatura/pós-graduação/mestrado em outra área?
Sou licenciado e tirei vários cursos, como o de Mulligan Therapy e o de Fisioterapia Desportiva de Elite. Tenho também um Master em Osteopatia Estrutural pela Escuela de Osteopatia de Madrid (EOM). Para além de Fisioterapeuta sou também Treinador de Ténis nível I acreditado pela Federação Portuguesa de Ténis (FPT).
O que me levou a escolher a Fisioterapia como área de formação teve um pouco a ver com o meu percurso como desportista e com o facto de ter recorrido várias vezes a um Fisioterapeuta para me tratar em momentos de lesão, o que me levou a reconhecer a importância desta profissão no desporto e a querer vir um dia a desempenhar essas funções no Desporto de Alta Competição.
4. Quais os trabalhos/experiências que mais o marcaram?
Penso que todas as experiências profissionais que tive foram importantes para ser a pessoa e o profissional que sou hoje em dia, mas sem dúvida distingo a experiência de ter integrado a equipa multidisciplinar na Clínica GIGA em Lisboa. Intervi desde o início do projeto e pude contribuir para um verdadeiro trabalho de equipa que penso ser essencial quando visamos o bem-estar do utente e a sua rápida recuperação.
Foi também de extrema importância a entrada no Desporto de Alta-Competição, ainda por cima no "meu” Desporto, proporcionada por Michal Novotny, que me levou a atuar nos maiores palcos do ténis mundial. Foi para mim um prazer ter integrado a sua equipa e ter aprendido com um dos melhores nesta área. É de facto uma pessoa e um profissional de excelência.
5. Quais os desafios de trabalhar para um profissional como o Michal Novotny?
Como já referi, Michal Novotny é um profissional de excelência, e para alcançar a excelência é fundamental a exigência que tem para consigo próprio e para com os Fisioterapeutas que integram a sua equipa. Portanto, o facto de trabalhar com o Michal é, por si só, um desafio. É ainda um desafio trabalharmos com atletas que competem semana após semana com períodos de descanso muito curtos, atletas que competem em todos os continentes e estão continuamente a viajar, que só dependem deles próprios, uma vez que se trata de um deporto individual, o que faz com que tenham de estar sempre ao mais alto nível e nas melhores condições físicas e psicológicas para competir. Todos estes aspetos acarretam, naturalmente, uma responsabilidade enorme para a sua equipa técnica e, nomeadamente, para o Fisioterapeuta.
6. Acha que a oportunidade agregou valor ao seu currículo e à sua vida?
Sem dúvida nenhuma que agregou valor nos dois aspetos.
7. Onde trabalha neste momento?
Neste momento estou a instalar-me no Sul de França.
8. O que o levou a interessar-se pela fisioterapia desportiva de elite?
É uma área que me fascina, pois temos realmente tempo para trabalhar com o atleta e, no fundo, abrangemos conhecimentos de diversas áreas, como a psicologia, nutrição, hidratação, preparação física e até conhecimentos técnicos do desporto em si, para chegar a um objetivo principal: a prevenção da lesão ou, caso ela exista, o mais rápido retorno à prática desportiva.
9. Como lida com a sua vida pessoal, em confronto com a sua vida profissional?
Tem, naturalmente, de se sacrificar um pouco a parte pessoal para se trabalhar nesta área, principalmente no Ténis de Alta Competição em que normalmente se viaja mais de 30 semanas por ano. Para mim, o apoio da família, amigos e namorada são preponderantes para se ter este tipo de vida profissional, sem eles seria muito mais difícil.
10. Uma curiosidade sobre si.
Confesso que gosto bastante de cozinhar e de passar bons momentos com os amigos e família, desfrutar de um bom “petisco”, bem ao estilo português.
11. Quais as suas expetativas relativamente ao setor da Saúde em Portugal perante a atual condição económica do País?
É uma questão difícil para a qual ninguém neste momento tem uma resposta exata. Existem muitas injustiças e coisas a correrem mal na área da saúde e nomeadamente na Fisioterapia em Portugal, mas acredito também que devemos ter um papel ativo para conseguirmos mudanças. Por isso, lá no fundo, acredito que vamos dar a volta e que num futuro próximo possa implementar algumas ideias para desenvolver um projeto em Portugal.
12. Na sua opinião, vale a pena emigrar?
Sem dúvida alguma que sim. O ser humano tem, por natureza, o instinto de se acomodar e se realmente não fizer nada para evoluir e mudar terá sempre essa tendência. Emigrar significa para mim, sair da "zona de conforto" largar um espaço e ambiente que conhecemos e controlamos e partir à aventura; assim penso que aprendemos a conhecer-nos melhor e a definir melhor os nossos objetivos, pessoais e profissionais. Neste momento estou em França, sem data de regresso.
13. Uma dica ou frase de inspiração para aqueles que gostariam de seguir os seus passos?
Sinceramente não tenho muito a dizer, para mim trata-se de gostarmos realmente daquilo que fazemos, de procurarmos evoluir continuamente e de lutarmos pelos nossos objetivos. Na verdade, só depende de nós querermos ser melhores a cada dia.