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Publicado a 02/07/2018

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Nuno Anjinho

Histórias de Sucesso com Nuno Anjinho (Bwizer Magazine)

Nuno Anjinho

Este artigo fez parte da 3ª edição da Bwizer Magazine – pode vê-la na íntegra aqui.

 

Estivemos à conversa com o fisioterapeuta Nuno Anjinho para conhecer as suas motivações, filosofia de trabalho e projetos futuros. Fisioterapeuta da Federação Portuguesa de Futebol desde 2012, onde trabalha com as diversas seleções, atualmente, exerce prática privada e é Prof. Equiparado a adjunto convidado da Escola Superior de Saúde do Alcoitão. 

 

Fale-nos um pouco sobre si.

Sou Fisioterapeuta, tenho 39 anos e nasci em Évora. Sou casado e tenho dois fi¬lhos: o António com 5 anos e o Francisco de 10 meses; a minha mulher também é Fisioterapeuta, embora de uma área diferente. Gosto muito de ler e de cinema.

Sou licenciado em Educação Física, onde me apaixonei pela área da fisiologia do exercício. Durante muitos anos prescrevi exercício antes de descobrir a Fisioterapia. Hoje e trabalhando também no desporto, utilizo este conhecimento para consolidar as minhas estratégias terapêuticas para quem me pede ajuda. Nos últimos anos tenho investido muito na consolidação de conhecimentos na área do futebol, mas continuo a dedicar-me de corpo e alma aquilo que considero ser a essência da Fisioterapia: a terapia manual. Tenho uma grande paixão pelo ensino, funções que exerço nas áreas das ciências duras como a anatomia e a fisiologia, além do raciocínio e educação clínica. Ainda hoje através de uma rede social, recebi a solicitação de um estágio de Erasmus através um aluno turco, nem queria acreditar.

 

Uma curiosidade sobre si que nada tem a ver com a sua atividade do dia a dia?

Gosto muito de escrever. Ando sempre com um caderno onde escrevo ensaios, textos diversos, ideias que tenho, desabafos etc, uma espécie de diário. Às vezes até serve para fazer registos clínicos dos doentes.

 

Como concilia a sua vida profissional e pessoal?

Não é fácil, é um desafio. Apesar de gostar muito do que faço, e às vezes achar que sou um workaholic, sempre que pos¬so ajusto a minha agenda para estar o mais possível com a família. Apesar do sacrifício quando me ausento ao serviço da seleção, quando estou, estou a 100%, evito falar de trabalho e tento desligar-me da parte profissional.

 

Sempre sonhou ser fisioterapeuta? Como surgiu na sua vida?

Para falar a verdade nunca pensei ser o que sou hoje. Como referi anteriormente, trabalhei durante muito tempo na área do exercício e saúde onde o meu papel passava por aconselhar e prescrever exercício a pessoas com algumas necessidades especiais. Foi neste contexto que surgiu a necessidade de aprofundar outras áreas e, na altura, a Fisioterapia pareceu-me a escolha mais acertada. Ainda hoje penso assim.

No seu percurso profissional quais foram as experiências que mais o marcaram?

Sem dúvida que trabalhar num hospital é marcante, não só pela exigência do contexto, como também pelo processo de aprendizagem. O desporto de alta competição e os seus cenários de grande pressão também me colocaram grandes desafios e me marcaram enquanto pessoa e profissional. Um exemplo foi o campeonato do mundo de sub-20, na Nova Zelândia. Espero este ano pela qualificação dos sub-19 para o campeonato do mundo de sub-20 na Polónia. Mas antes temos um europeu para ganhar.

 

Quais os desafios e medos que enfrentou? Foi tudo fácil?

Quando começamos a trabalhar temos a ideia que não sabemos nada, não vamos conseguir ajudar ninguém; é normal, é o nosso cérebro a dar um sentido de responsabilidade que até ali não tínhamos necessidade. Esse foi verdadeiramente o meu primeiro medo. No nosso percurso profissional encontramos pessoas fragilizadas, independentemente do seu contexto, e esse é o grande desafio, pois traz dificuldades. Temos de criar empatia sem que esta interfira no nosso discernimento para que, de forma limpa, possamos estabelecer um diagnóstico correto e consequentemente o melhor plano de tratamento. Este é o grande desafio que vai sempre existir pelo que temos de investir no conhecimento, na partilha.

 

Decidiu apostar mais esforços em alguma área particular? Porquê?

Sempre estive ligado ao desporto e ao exercício, embora desde cedo soubesse que não queria trabalhar no desporto. Agora vejo que era uma resistência contra a qual iria mais cedo ou mais tarde perder. Nessa altura tinha a certeza que a minha área de investimento teria de ser, e foi, a neuro-músculo-esquelética. Acredito que um dia seremos profissionais de primeiro contacto, por isso, tenho investido ao máximo na minha diferenciação para conquistar a autonomia necessária que acarreta essa responsabilidade.

 

Hoje sente-se recompensado? Faria algo de forma diferente? Que conselho daria a quem quiser seguir os seus passos?

Faço o que gosto e faço com a máxima paixão e empenho. Todos os doentes problemas são desafios para mim e a minha recompensa é quando reconheço estes problemas e lhes digo que os posso ajudar, e claro quando tudo resulta. Só que nem sempre resulta, mas podemos sempre ajudar os nossos doentes, orientando-os no seu caminho. Ligo-me muito aos doentes, talvez não o devesse fazer. Uma vez li que fazemos aquilo que so¬mos e eu sou assim, por isso tenho de me adaptar, tento estabelecer a distância adequada sem pôr em causa o processo terapêutico. Aconselho a todos os meus colegas e futuros colegas a investir, cada vez mais, não só no seu conhecimento, mas também no reconhecimento profissional. Mostremos com o nosso trabalho aquilo que conseguimos fazer pelas pessoas que nos procuram.

 

Na sua opinião qual a importância da prática privada na fisioterapia em Portugal? A concorrência é positiva?

Acho que como em qualquer outra atividade da nossa sociedade a concorrência é positiva, pois obriga-nos a trabalhar e investir para sermos melhores. Defendo, tal como acontece na medicina, uma prática privada em Fisioterapia, uma prática de acesso imediato, sem listas de espera e altamente diferenciada nas respostas aos problemas dos doentes.

A Fisioterapia, nos últimos dez anos, evoluiu brutalmente e, na atualidade, temos ferramentas espetaculares, baseadas na evidência e que nos distanciam da medicina convencional, na forma como abordamos o doente. Não nos podemos esquecer que, de acordo com a classificação mundial das profissões da saúde, somos os profissionais que mais tempo passam com os doentes - temos que tirar proveito disso.

É certo que a Fisioterapia não é uma ciência exata, mas também não o é a Medicina ou qualquer um dos seus ramos, por isso não prometemos resultados, prometemos empenho e atitude profissional na resolução dos problemas encontrados na prática clínica.

 

Como acha que a Fisioterapia pode evoluir/crescer?

Lutando por ela, lutando por uma profissão recente mas altamente diferenciada na prestação de cuidados em saúde. Não podemos perder o interesse, não podemos deixar que lobbies nos derrubem, temos de continuar a acreditar no que fazemos e transmitir isso na sociedade civil. Têm de aparecer mais investigadores, temos que proliferar como produtores do melhor conhecimento científico e temos que treinar muito. Não há milagres! Não pondo a “mão na massa”, não há conhe-cimento que aguente. Somos uma profissão muito técnica, muito prática e, como tal, não podemos fingir que somos uma coisa que não somos. Todos precisamos de todos.

 

Como procura elevar-se a si e à sua profissão todos os dias?

Tento não “adormecer” neste mundo de facilitismos, nem vejo a Fisioterapia como uma “mezinha” para todos os males. Encaro a Fisioterapia com seriedade, e invisto no conhecimento como se o mundo acabasse amanhã. No entanto, não nos podemos esquecer dos princípios e dos afetos, sem eles não podem existir profissões e profissionais de qualidade.

 

Quais são os seus projetos para o futuro?

O meu grande projeto para o futuro é continuar o meu caminho, o mais tranquilo possível. Trabalhar sem limitações, de cabeça limpa. Mas, de facto, tenho algo que gostaria de fazer, e que estou a uns meses de iniciar, o meu doutoramento em ciências do desporto.

 

Já realizou algumas formações com a Bwizer. De que forma é que estas impactaram o seu dia a dia?

Sou apologista da partilha do conhecimento, e neste sentido a Bwizer não se podia enquadrar melhor na minha vida profissional. A Bwizer mostrou-me a forma séria, cuidada e estruturada como podemos fazer chegar a água ao nosso moinho, sem qualquer tipo de constrangimento. Gosto de fazer parte de uma estrutura assim, que pensa nos outros antes de pensar nela própria.

 

Uma dica ou frase de inspiração para aqueles que gostariam de seguir os seus passos?

Gosto particularmente de duas frases: A mente que se abre a uma nova ideia, jamais voltará ao seu tamanho original. (Albert Einstein). O insucesso é apenas uma oportunidade para recomeçar de novo com mais inteligência. (Henry Ford)

 

Este artigo fez parte da 3ª edição da Bwizer Magazine – pode vê-la na íntegra aqui.

CV: Fisioterapeuta da Federação Portuguesa de Futebol desde 2012, onde trabalha com as diversas seleções, atualmente, exerce prática privada e é Prof. Equiparado a adjunto convidado da Escola Superior de Saúde do Alcoitão.

Fonte: Consulte a 3ª edição da Bwizer Magazine

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