Este artigo fez parte do Número 6 da Bwizer Magazine – pode vê-la na íntegra aqui.
Fale-nos um pouco sobre si.
Sou Fisioterapeuta desde 2005, com prática em Lesões Desportivas desde esse ano. Fundei a Fisioroque há cerca de 5 anos e trabalho também com a equipa principal de Hóquei em Patins do Sporting CP desde 2014/15. Tenho uma filha de 9 anos que adora ver o pai no Sporting, cuida das maleitas dos colegas na escola e adora anatomia. A minha mulher é também Fisioterapeuta, que admiro sem medida como companheira, mãe, profissional e que tanto me tem ajudado nesta e noutras aventuras.
Uma curiosidade sobre si que nada tenha que ver com a sua atividade do dia a dia?
Sou um apaixonado pela operacionalidade, aficionado acérrimo das forças militares, em especial das operações especiais, sendo que tenho o privilégio de poder recuperar alguns dos seus operacionais. Não dispenso a emergência médica e a constante atualização nesse ramo. Adoro desporto, uma semana sem o mínimo de 4 treinos deixa-me aborrecido.
Como concilia a sua vida pessoal com a profissional?
Tenho a vida que escolhi há 14 anos. Quem me conhece sabe que isto é o que mais amo fazer. A alta competição sem dúvida, tira muito tempo à família e lazer, pelo que, e só com um apoio familiar muito forte e uma compreensão acima da média é que consigo fazer o que mais amo. O trabalho diário com os meus atletas e utentes da Fisioroque deixa-me bastante realizado, as vitórias que alcançamos juntos, os sucessos nas recuperações na Fisioroque, dão uma boa e nobre causa a esse mesmo tempo investido. É um caminho dentro da minha profissão que tem os seus altos e baixos, contudo, com uma família como a minha tudo se faz.
Sempre sonhou ser Fisioterapeuta? Como surgiu na sua vida?
Em miúdo queria ser Pediatra. Contudo, no 12°ano (2001) fiz uma luxação do ombro direito. Tive que fazer Fisioterapia durante algum tempo. Percebi então a importância que um Fisioterapeuta poderia ter na vida de uma pessoa e em especial de um atleta. Comecei a seguir mais esse lado da saúde, observando o trabalho do António Gaspar (para quem deixo um forte abraço e um obrigado por ser uma inspiração). Percebi então que podia conciliar duas paixões: ajudar o próximo e o desporto. E assim foi, dediquei-me a esse propósito, entrar em Fisioterapia e fazer de tudo para chegar à alta competição. No 2° ano do curso tive o privilégio de ser orientado pelo Fisioterapeuta José Carlos Gomez que foi, sem dúvida, o meu mentor, o “Mourinho da Fisioterapia” como o chamo e a quem agradeço de coração todos os dias a sua exigência e por ser uma fonte de inspiração. Se não fosse ele...
Quais foram as experiências que mais o marcaram?
Há uns bons anos, recebi em gabinete um rapaz de 17 anos (pós-operatório de LCA), jogador de Futsal. Mal entrou disse a chorar que nunca mais iria jogar à bola. Estava a terminar de se instalar quando lhe disse: “Podes sair”. Ele ficou surpreendido e perguntou se já estava. Eu disse que sim pois, ele tinha entrado ali a dizer que nunca mais ia jogar. Ambos estaríamos a perder tempo. Chorou mais e pediu-me desculpa. Pedi que se levantasse e fosse para o espelho e que pedisse desculpa a quem via no espelho. “A tua recuperação depende uns 70% de ti e 30% da minha imaginação. Se queres vamos juntos voltar a jogar, terás de ser tu a decidir hoje e agora o que queres.” Quatro meses e meio depois, enviou-me uma sms a dizer que tinha jogado e marcado! Foi uma recuperação relâmpago que ultrapassou tudo o que esperávamos. Ainda hoje joga e está ótimo. Tive a perfeita noção nesse dia que podia e devia fazer a diferença todos os dias!
Quais os desafios e medos que enfrentou? Foi tudo fácil?
Nada é fácil. Mas assim sabe melhor. Se fosse fácil não era para mim e como costumo dizer - aguenta quem pode! Sabemos o mundo que temos, a forma como infelizmente muitas vezes temos e alcançamos as oportunidades. Nunca fui o aluno preferido, o que se sentava na primeira fila. Nunca fui, não sou, nem quero ser o típico Fisioterapeuta. Quero ser o Pedro que também é Fisioterapeuta e dar sempre o meu melhor. Passei por alguns locais de trabalho, nuns deixei saudades, noutros deixei alívio de ter saído, mas em todos deixei a pele. Cada dia que olho para o símbolo da Fisioroque e o do Sporting vejo que tudo valeu a pena.
Decidiu apostar mais esforços em alguma área em particular? E se sim, porquê?
Tento abranger várias disciplinas. A emergência médica é fundamental para a prática clínica de um Fisioterapeuta de alto rendimento. Não temos formação de base para socorro e trauma. Daí a minha paixão pela operacionalidade e a prontidão. Sempre alerta em todas as situações para prestar o mais rápido e pronto socorro. Depois, ter formação em treino é muito importante, pois só assim poderemos compreender os nossos parceiros do mundo do exercício. Repito, parceiros. A terapia manual é muito importante quando se trabalha em alta performance e nem sempre temos disponível todos os materiais e maquinarias que gostaríamos, porque simplesmente não há, ou, porque não é funcional carregar o material numa viagem de equipa. Temos que saber usar as mãos que são a nossa melhor ferramenta. Por fim, a comunicação. Temos que saber comunicar, ter formação nessa área, saber identificar expressões e sinais de comunicação por parte dos nossos atletas, e isso só com treino. Neste campo tenho uma ajuda preciosa do meu coach e amigo Alexandre Monteiro que aconselho vivamente conhecerem (@decifrarpessoas)
Como surgiu a ligação ao Sporting? E a prática privada?
O meu grande amigo João Matos (capitão da seleção e da equipa de Futsal do Sporting), lançou o meu nome quando teve conhecimento da necessidade de um Fisioterapeuta para o hóquei, em 2014. Como em todos estes casos ele foi a minha ponte para esta grande aventura. Quanto à prática privada, iniciei-me nos domicílios e mais tarde comecei a realizar os tratamentos particulares num espaço em minha casa e tive a certeza que queria, merecia e podia dar mais. Surgiu a Fisioroque. Discuti formas de intervenção com colegas, em especial com a minha mulher e cimentei a ideia. Com a ajuda do acompanhamento a figuras públicas e uma estratégia de comunicação e ação bem definida, a Fisioroque tem vindo a crescer.
Hoje sente-se recompensado? Faria algo de forma diferente?
Bastante recompensado. Sinto-me abençoado por poder fazer o que mais gosto e ter o feedback de quem acompanho, saber que voltam quando precisam e que recomendam os meus serviços. As provações das quais somos alvos tornam-se ferramentas maravilhosas para construir e projetar o futuro.
Na sua opinião qual a importância da prática privada na Fisioterapia, em Portugal? A concorrência é positiva?
A prática privada é muito importante. As clínicas e hospitais não tem capacidade para fazer um acompanhante integrado e personalizado do utente. Cada vez mais as pessoas querem ser recuperadas, acompanhadas e observadas com atenção e dedicação e nem sempre isso é possível num espaço que vê milhares de pessoas por semana. Mas devia ser possível. Fisioterapia não é andar a correr de utente em utente a cada 15 minutos. Há muitos utentes que estão dispostos a abdicar de clínicas e hospitais para serem seguidos com outro cuidado e atenção. Concorrência? Sem dúvida que deve ser boa, contudo, eu não vejo ninguém como concorrente. Somos parceiros nesta jornada de dar a conhecer a fisioterapia como profissão de primeira linha, como solução válida, viável e eficaz na recuperação de inúmeras condições. Não nos podemos ver como concorrentes. Concorrentes são os que tentam exercer as nossas funções e não são Fisioterapeutas; e só o parecem ser porque a nossa população não está instruída sobre os âmbitos e limites de ação dos diversos profissionais.
Qual o papel da partilha de conteúdo informativo, na Fisioterapia?
Devemos partilhar conhecimento e essa partilha não são só os estudos, artigos e conferências. Devemos arregaçar as mangas e mostrar uns aos outros o que fazemos em prol dos nossos utentes. Informação é poder e o conhecimento partilhado é a certeza que conseguiremos fazer o melhor pelas pessoas que nos procuram.
É uma pessoa bastante ativa nas redes sociais. Porquê?
As redes sociais são uma ferramenta brutal para divulgar o meu trabalho. Gosto do que faço e essa paixão tem de ser partilhada. As redes sociais podem levar a todo o mundo num clique o que fazemos no nosso dia a dia e, mais que isso, podemos inspirar outros profissionais e futuros profissionais. Recebo muitos feedbacks de futuros Fisioterapeutas e atuais colegas também, que seguem o meu trabalho que tiram de lá informação e aplicam no seu dia a dia. Sou muito grato por isso e eu próprio retiro informação da rede.
Como acha que a Fisioterapia pode evoluir/ crescer?
A Fisioterapia necessariamente vai evoluir acompanhando as tendências de evolução e descobertas da medicina. Só podemos evoluir partilhando o que sabemos e sentimos pela Fisioterapia. Não podemos ter medo de abrir as portas a outros profissionais de outras áreas que completam a nossa. Aprender com eles e partilhar o que nós sabemos, criando assim o verdadeiro Acompanhamento Integrado. Temos que partilhar conhecimento com outros profissionais da saúde para cada vez mais nos aproximarmos da verdadeira visão biopsicossocial do utente. Só vamos conseguir evoluir quando formos mais sedentos de “ser” Fisioterapia e não “parecer” Fisioterapia.
Como procura elevar-se a si e à sua profissão todos os dias?
Dando a conhecer a minha paixão pela Fisioterapia, dedicando-me a 100% a quem me procura, sempre com as melhores práticas. Sendo o Pedro, que “por acaso” também é Fisioterapeuta dos famosos e trabalha com o Sporting. Conhecer cada utente e fazer-me rodear dos melhores profissionais da saúde para prestar um excelente cuidado ao utente.
Quais os seus projetos para o futuro?
A Fisioroque será algo enorme e não descanso enquanto não puder levar a cada vez mais pessoas o meu conceito do que é praticar boa Fisioterapia. A Fisioroque será um nome sonante e de relevo no mundo da saúde.
Já realizou algumas formações com a Bwizer. De que forma é que estas impactaram o seu dia a dia?
A Bwizer é a empresa de eleição para as minhas formações e um parceiro que me orgulho muito em ter. Realizei formações muito importantes com a Bwizer que me deram ferramentas que uso todos os dias. Destaco a Kinesio Taping®, o verdadeiro método que apresenta uma formação sustentada e minuciosa e a formação em Fisioterapia Desportiva de Elite, que me trouxe uma visão muito abrangente da abordagem do atleta de alta competição.
Uma dica ou frase de inspiração para aqueles que gostariam de seguir os seus passos?
Fico feliz só por pensar que posso ser uma inspiração para alguém. A frase que mais digo a quem por aqui passa e me questiona sobre qual o ingrediente base para o meu sucesso - não pares até sentires orgulho no que fazes!
Este artigo fez parte do Número 6 da Bwizer Magazine – pode vê-la na íntegra aqui.
CV: Fisioterapeuta. Criador da Fisioroque.
Fonte: Consulte o número 6 da Bwizer Magazine