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Publicado a 23/08/2019

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João Baptista

Reeducação Postural Global - Reeducar o músculo ou o cérebro? | Por João Baptista e Samuel Ferreira (Bwizer Magazine)

João Baptista

Este artigo fez parte do Número 7 da Bwizer Magazine – pode vê-la na íntegra aqui.

 

Atualmente, a crescente prevalência de disfunções/lesões associadas à “má postura” tem aumentado a procura por produtos e/ou serviços de correção postural, onde se insere também a Reeducação Postural Global (RPG). Este método caminha para uma afirmação na saúde nacional, nomeadamente no reconhecimento médico, pela eficácia no tratamento de várias disfunções neuro-músculo-esqueléticas, sendo a sua aplicabilidade enquadrada num programa de reabilitação mais alargado, onde a educação e empowerment são preponderantes.


POSTURA - “Alinhamos” todos pela mesma ideia?

A postura pode definir-se como o posicionamento do corpo no espaço num determinado momento. O alinhamento e orientação dos vários segmentos corporais, com economia energética, estão inerentes à definição tradicional.

A informação recolhida durante a avaliação física do fisioterapeuta, deve considerar que o termo “postura”, refere-se somente a um frame, dentro de um constante equilibro dinâmico, resultado da organização neuromuscular das aferências externas captadas pelos vários captores posturais (sistema estomatognático, pés, aparelho vestibular, olhos, entre outros). O termo “postura” pode cumprir o propósito didático, de simplificação de linguagem, mas a adaptação do corpo face ao que nos rodeia é constante.

A influência genética na morfologia é inegável, sendo que os aspetos psicoemocionais, nutricionais e/ou contexto social, juntamente com os fatores supramencionados entram também na equação da modulação postural e output motor


SERÁ QUE EXISTE UMA POSTURA IDEAL?

A preocupação com a postura, quer pelo uso excessivo das novas tecnologias e seus malefícios, quer pelo sedentarismo ou transporte de mochilas com o peso desadequado, leva a que haja uma procura, muitas vezes obsessiva, pela postura mais correta, embora esta não exista!

Ultimamente, vários mitos têm sido desfeitos e cada vez mais o sedentarismo e falta de variabilidade motora parecem justificar sintomatologias muito prevalentes, nomeadamente cervicalgias e lombalgias.

A associação entre postura e dor é cada vez mais pobre tendo em conta a evidência atual. Exemplo disso são os vários estudos que não atribuem culpa ao excesso de peso das mochilas no aumento da incidência de dor lombar na população em idade escolar.

Alterações fora dos alinhamentos morfológicos estáticos normais não são diretamente preditores de dor ou lesão, sendo este mais um argumento para a não valorização excessiva da postura estática(1). Nas escolioses, por exemplo, a correção morfológica pode ter uma relevância importante, dadas as complicações cardiorrespiratórias que podem surgir. Contudo, excetuando este aspeto, o Ângulo de Cobb de uma escoliose, por mais acentuado que seja, não deve servir como preditor de dor ou lesões e, quando encarado como tal, contribui apenas para o nocebo, aumentando a probabilidade da sintomatologia surgir.


ESCLARECIMENTO E EDUCAÇÃO COMO 1º PILAR DA INTERVENÇÃO

Os tópicos supracitados devem servir para regular a nossa prática clínica, sendo incluídos na intervenção, quando justificável. O conhecimento auxilia na compreensão do processo terapêutico e na gestão da dor. Como acontece na educação da dor, área que tem ganho importância na intervenção em saúde(1,2,3,6), a explicação sobre os vários aspetos relacionados com a “postura” é indispensável para determinar estratégias, modificar hábitos e gerir expectativas de prognóstico. O papel ativo do utente é essencial, assim como a capacidade de empowerment e de influenciar a mudança.


A REEDUCAÇÃO POSTURAL GLOBAL

Recorrentemente utilizado para publicitar o serviço de correção postural, o acrónimo RPG é exclusivo do método de Philippe Souchard. A RPG, quase com 40 anos, foi criada com base nos estudos de Mézières e aprofundada no estudo da anatomia, fisiologia muscular e biomecânica, pelo seu aluno Souchard, desenvolvendo-se um método próprio.

Este método tem por base de avaliação a observação física e a correlação das disfunções e deformidades com as várias cadeias de coordenação neuromusculares (CCN), apresentando 3 princípios fundamentais bem definidos:

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Este artigo fez parte do Número 7 da Bwizer Magazine – pode vê-la na íntegra aqui.

CV: Fisioterapeuta apaixonado pela terapia manual, reeducação postural, movimento humano e neurociência. Integra a equipa da FISIOVIDA desde 2015 e é professor convidado na área de Reeducação Postural Global na Licenciatura e Mestrado de Fisioterapia Músculo-Esquelética na ESS-IPP.

Fonte: Consulte o número 7 da Bwizer Magazine

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