Este artigo fez parte do Número 8 da Bwizer Magazine – pode vê-la na íntegra aqui.
Segundo o Inquérito Nacional de Saúde de 2014, estima-se que 36,6% da população portuguesa com mais de 25 anos tenha dor crónica.
No tratamento da dor crónica, para além da terapêutica farmacológica, fisioterapia e abordagem psicossocial, dispomos de técnicas de intervenção.
O que me proponho abordar são as técnicas invasivas mais utilizadas no tratamento da dor, nomeadamente as infiltrações epidurais, a radiofrequência e a ozonoterapia, assim como fazer uma breve referência a outras técnicas também utilizadas.
Técnicas epidurais
São realizadas com maior frequência a nível da coluna lombar – indicadas para dor lombar com irradiação radicular em quadros agudos ou subagudos em que a terapêutica conservadora (farmacológica e fisioterapia) não foi eficaz. Consiste na infiltração com anestésicos locais e/ ou corticóides no espaço epidural por via interlaminar, transforaminal (mais direcionada à raiz afetada, sendo realizada com apoio imagiológico) ou, mais raramente, por via do canal sacrococcígeo. Apresenta uma duração de efeito de 3 a 6 semanas, podendo ser repetida após 3 semanas.
Embora menos frequente, também pode ser realizada a nível cervical e dorsal.
Blood Patch – infiltração epidural de sangue autologo para situações em que há diminuição da pressão do líquido cefalorraquidiano por perfuração da dura máter (como após procedimentos sob anestesia/analgesia raquidiana/epidural, fístulas).
Radiofrequência (RF)
Utiliza uma corrente elétrica de alta frequência transmitida até um elétrodo colocado na ponta de uma agulha. Tem como objetivo causar lesão na estrutura nervosa, de forma a que esta deixe de transmitir a informação álgica. Existem diferentes tipos de RF:
A RF também pode utilizar mais do que um polo no elétrodo aumentando a área da lesão. Estas duas últimas aumentam bastante o custo da técnica.
Estes procedimentos são realizados em regime de ambulatório, em ambiente estéril semelhante a bloco operatório, com o auxílio de Rx ou ecografia, minimizando os riscos. Implica um jejum de 6 horas e possíveis ajustes prévios na medicação crónica, nomeadamente fármacos que alteram a coagulação.
Exemplos de utilização: dor facetária da coluna, tendo como alvo o ramo médio; e gonalgia por osteoartrose ou pós-cirúrgica.
Nas primeiras duas semanas após o tratamento pode existir um aumento da dor, seguida de uma diminuição progressiva nas 6 a 8 semanas seguintes.
Por norma, não há necessidade de repetir o procedimento embora não esteja contraindicado
CV: Licenciatura em Medicina com Especialidade de Anestesiologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. É Pós-graduado em Hidrologia e Climatologia, assim como em Medicina da Dor. DOe (Diplomado em Osteoetiopatia)
Fonte: Consulte o número 8 da Bwizer Magazine