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Publicado a 25/10/2019

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Pedro Trincão

Técnicas de intervenção no tratamento da dor crónica | Por Pedro Trincão (Bwizer Magazine)

Pedro Trincão

Este artigo fez parte do Número 8 da Bwizer Magazine – pode vê-la na íntegra aqui.

 

Segundo o Inquérito Nacional de Saúde de 2014, estima-se que 36,6% da população portuguesa com mais de 25 anos tenha dor crónica.

No tratamento da dor crónica, para além da terapêutica farmacológica, fisioterapia e abordagem psicossocial, dispomos de técnicas de intervenção.

O que me proponho abordar são as técnicas invasivas mais utilizadas no tratamento da dor, nomeadamente as infiltrações epidurais, a radiofrequência e a ozonoterapia, assim como fazer uma breve referência a outras técnicas também utilizadas.


Técnicas epidurais

São realizadas com maior frequência a nível da coluna lombar – indicadas para dor lombar com irradiação radicular em quadros agudos ou subagudos em que a terapêutica conservadora (farmacológica e fisioterapia) não foi eficaz. Consiste na infiltração com anestésicos locais e/ ou corticóides no espaço epidural por via interlaminar, transforaminal (mais direcionada à raiz afetada, sendo realizada com apoio imagiológico) ou, mais raramente, por via do canal sacrococcígeo. Apresenta uma duração de efeito de 3 a 6 semanas, podendo ser repetida após 3 semanas.

Embora menos frequente, também pode ser realizada a nível cervical e dorsal.

Blood Patch – infiltração epidural de sangue autologo para situações em que há diminuição da pressão do líquido cefalorraquidiano por perfuração da dura máter (como após procedimentos sob anestesia/analgesia raquidiana/epidural, fístulas).


Radiofrequência (RF)

Utiliza uma corrente elétrica de alta frequência transmitida até um elétrodo colocado na ponta de uma agulha. Tem como objetivo causar lesão na estrutura nervosa, de forma a que esta deixe de transmitir a informação álgica. Existem diferentes tipos de RF:

  • Na RF contínua/ convencional, existe uma fase inicial de aumento de intensidade e consequente aumento de temperatura (até cerca de 80ºC), seguida de uma fase de manutenção (90 seg);
  • Na RF pulsada, a corrente não é aplicada de forma contínua e não gera calor suficiente para queimar o nervo, ocorrendo modulação das vias da dor pelo campo eletromagnético; é normalmente utilizada em estruturas nervosas mistas (sensitivas e motoras) de forma a não causar deficits motores;
  • Na RF a frio, a agulha utilizada é de dupla via pela qual goteja soro que amplia a zona de lesão até 8 vezes.

A RF também pode utilizar mais do que um polo no elétrodo aumentando a área da lesão. Estas duas últimas aumentam bastante o custo da técnica.

Estes procedimentos são realizados em regime de ambulatório, em ambiente estéril semelhante a bloco operatório, com o auxílio de Rx ou ecografia, minimizando os riscos. Implica um jejum de 6 horas e possíveis ajustes prévios na medicação crónica, nomeadamente fármacos que alteram a coagulação.

Exemplos de utilização: dor facetária da coluna, tendo como alvo o ramo médio; e gonalgia por osteoartrose ou pós-cirúrgica.

Nas primeiras duas semanas após o tratamento pode existir um aumento da dor, seguida de uma diminuição progressiva nas 6 a 8 semanas seguintes.

Por norma, não há necessidade de repetir o procedimento embora não esteja contraindicado

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Este artigo fez parte do Número 8 da Bwizer Magazine – pode vê-la na íntegra aqui.

CV: Licenciatura em Medicina com Especialidade de Anestesiologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. É Pós-graduado em Hidrologia e Climatologia, assim como em Medicina da Dor. DOe (Diplomado em Osteoetiopatia)

Fonte: Consulte o número 8 da Bwizer Magazine

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