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Publicado a 17/01/2019

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Maria João Alvito

À conversa com... Maria João Alvito (Bwizer Magazine)

Maria João Alvito

Este artigo fez parte da 5ª edição da Bwizer Magazine – pode vê-la na íntegra aqui.

 

Maria João, se tivesse que escolher 3 palavras para se descrever, quais seriam e porquê?

Resiliência, positivismo e curiosidade. O que sou como profissional e pessoa é fruto de uma grande resiliência e capaci­dade de enfrentar os constantes desafios da vida, aceitando as minhas forças e vul­nerabilidades. Perdemos tempo e ener­gia interior quando nos lamentamos. Há sempre algo que podemos aprender de forma construtiva, mesmo nos momentos mais “negros” da nossa existência. Tenho uma curiosidade inata pelo ser humano e pelas culturas dos diferentes povos. Considero que quem não é curioso já “morreu”.

 

É uma fisioterapeuta diferente da maioria, tanto pelo percurso e área de trabalho, como pelas coisas que faz. Como entrou na fisioterapia e que momentos destaca na sua carreira?

Por não ter média para entrar na Facul­dade de Medicina concorri ao curso de Fisioterapia. Procurei encontrar uma pro­fissão na área da Saúde com contacto directo com o corpo humano e em que as relações interpessoais fossem valoriza­das. Quando entrei em Alcoitão, em 1987, desconhecia a revolução da profissão e quanto era importante que cada Fisiote­rapeuta contribuísse para um trabalho de qualidade e dignificação da carreira (con­tinuamos ainda hoje com esta premissa). Relativamente aos 3 principais momen­tos na minha carreira saliento:

1. Início de carreira, em 1990, na Função Pública, a trabalhar num Hospital Central (Hospital de Egas Moniz de Lisboa) num serviço de Fisioterapia inovador, multi­disciplinar e com o cuidado na formação contínua da equipa. Contudo, ao longo dos 10 anos de trabalho como funcioná­ria pública, senti que não era o que queria para o meu futuro profissional.

2. Arriscar ao criar o “Centro Olá Mamã - Centro de Preparação e Educação para o Nascimento” em Lisboa, em 2002, onde desenvolvo toda a prática clínica na área da Saúde Materno-Infantil. Este é um es­paço de aprendizagens profissionais en­quadradas na minha área de eleição na Fisioterapia. Aprendo diariamente com as famílias e os desafios que o processo de parentalidade nos coloca. Trabalho e cru­zo saberes clínicos com diferentes profis­sionais a nível nacional e internacional.

3.Todas as experiências formativas na­cionais e internacionais que tive oportuni­dade de desenvolver. Toda a carreira de formadora na área da Saúde Materno-In­fantil que começou na APF e que, desde 2000, “pasito a pasito” foi transformada numa atividade de formadora freelan­cer, em Portugal, e no estrangeiro - já trabalhei como formdora em 13 países, diferentes continentes, o que me trouxe a possibilidade de vivenciar diferentes cul­turas, suas práticas e saberes tão distin­tos. Aprender a respeitar a diferença sem julgamentos de valores “à portuga”.

Este percurso foi desenhado de for­ma meticulosa ou “foi surgindo”?

Não acredito no simples acaso ou no tec­nicismo puro. Acredito sim, no trabalho e na paixão de nos movermos para cons­truirmos os nossos sonhos, com suor e dedicação. Este percurso profissional surgiu de diversas experiências de vida profissional e humana, que contribuíram para a criação de novas oportunidades de realização. Com efeito, quando surge uma oportunidade que “mexe connosco”, cabe às nossas mãos e coração aceitar o desafio sem saber, na maioria das vezes, qual a “rede” ou desfecho, mas arriscan­do porque se acredita que corresponde a nossa “impressão digital“.

 

A Maria João Alvito foi a idealizadora e criadora do centro “Olá Mamã”, um conceito bastante diferenciado e raro em Portugal – como tudo começou?

Como um “quarto filho”, sonhado, bus­cado, construído. Após ter trabalhado durante 10 anos na função pública, mais especificamente na área da Saúde da Mulher, após ter andando com a “trouxa às costas” em várias clínicas privadas, depois de ter coordenado uma equipa multidisciplinar num projecto de um em­presário e médico, senti que após todas estas vivências seria minha vez, em 2002! E assim criei um projeto de raiz, com ca­riz privado para poder “abrir as asas”, ser “dona“ do meu tempo e poder oferecer serviços de Saúde Materno-Infantil, com uma filosofia baseada num Modelo Rela­cional onde a Família é o centro da inter­venção. E hoje, todos os profissionais de saúde da equipa “Olá Mamã” trabalham segundo este valioso princípio.

Atualmente, o centro Olá Mamã, para além de prestar serviços na área pré e pós-parto, transformou-se, em 2016, tam­bém num centro de formação profissional creditado pela DGERT. Um passo em frente, de acordo com o nosso trabalho formativo, estabelecendo parcerias for­mativas com diferentes entidades a nível nacional e internacional.

 

Os seus clientes são, tipicamente, os pais. É difícil lidar com os pais? Que dicas deixa?

Os clientes pais/ famílias são a nossa “matéria prima” para crescermos e ma­turarmos como profissionais nesta área da Saúde Primária e Educação Parental. Escutar verdadeiramente as necessida­des parentais (e não projetar o outro com o que sabemos sobre o assunto x), des­complicar, com os pais, o cenário clínico. Sermos muito práticos na seleção con­junta de estratégias de resolução. Cada família é única, não há fotocópia de be­bés e os contextos específicos da família moldam as escolhas de saúde.

Seja humilde e inspire os pais a descobrir o seu filho/a com diferentes ferramentas de saúde. Não tenha medo de errar, pois errar faz parte do percurso de desenvol­vimento e maturidade, quer para o profis­sional, quer para cada mãe, pai e bebé.

Como profissionais de saúde temos que ter ética e nunca projetar os nossos va­lores/ vivências parentais, como a “esco­lha certa”. Não podemos ser extremistas, nem fundamentalistas!

 

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Este artigo fez parte da 5ª edição da Bwizer Magazine – pode vê-la na íntegra aqui.

 

 

CV: Maria João Alvito é licenciada em Fisioterapia e até ao momento realizou mais de 200 cursos para profissionais de saúde e educação em Portugal e no estrangeiro. De salientar que tem desenvolvido formação na área da Saúde da Mulher e Educação Parental em diversos países.

Fonte: Número 5 da Bwizer Magazine

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