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Publicado a 20/10/2019

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Hugo Belchior

Qual é a sua opinião? | Líderes do Fitness por Hugo Belchior

Hugo Belchior

Olá,

Enquanto houver profissões e houver legislação que procure definir os seus limites, haverá conflito entre diferentes corporações porquanto cada uma tentará reclamar fronteiras mais alargadas para, assim, conseguir endereçar um mercado maior, com vantagem para os seus elementos.

Um bom exemplo desta conflitualidade é o caso do exercício. A área do exercício, nomeadamente em populações clínicas, “de quem é”? Será dos técnicos de exercício físico, será dos “fisiologistas do exercício” que, em bom rigor, ainda não são uma profissão, será dos fisioterapeutas, dos enfermeiros, nomeadamente dos enfermeiros de reabilitação, será dos médicos, de quem será?!

De cada lado usam-se argumentos similares, argumentos históricos, de praxis, argumentos científicos, de práticas internacionais, de justiça relativa, nomeadamente fiscal, de respeito por uma classe profissional, etc.

Ainda que as generalizações pequem sempre por serem pobres, vou ouvindo as pessoas do exercício dizer que este mercado é, obviamente, uma área natural sua. Dentro deste grande grupo, porém, há quem defenda que se devia criar uma nova profissão que permitisse distinguir os técnicos, dos mais diferenciados. Depois, temos os fisioterapeutas que tendem a dizer que a intervenção sobre pessoas não saudáveis não pode ser feita por profissionais do exercício já que é uma intervenção clínica. Os enfermeiros de reabilitação clamam por coisa similar mas puxando a brasa à sua sardinha. Temos também médicos que acham que tudo devia passar sempre, obrigatoriamente, por uma prescrição médica.

Onde está, em rigor, a razão?

É, reconheçamos, uma discussão difícil.

Dir-me-ão que há que respeitar a lei e, isso é verdade. Acontece, porém, que a lei costuma ser dúbia o suficiente para que as coisas não sejam cristalinas. Aliás, até admito que não seja possível ser de outra forma, senão a lei implicaria uma tal exaustividade na descrição daquilo que cada um pode e não pode fazer, que significaria o fim das subtilezas. Ora, é nas subtilezas que a vida tende a decorrer.

Para além do mais, aquilo que a lei consagra tem sempre um contexto por trás, i.e., aquilo que a lei estipula não significa que seja a verdade absoluta, como se a lei não fosse permeável à pressão de grupos de interesse. A lei, por isso, traduz também aquilo que é a força de poderes relativos na sociedade civil, num determinado momento. E se esse equilíbrio se alterar, não duvidemos, a lei ajustar-se-á em conformidade.

Não estou a dizer que todos consigam fazer tudo, estou apenas a dizer que a discussão sobre onde começa e termina a área de intervenção de uma profissão será sempre uma discussão por concluir.

 

Sejamos concretos:

  • Pilates deve ser uma ferramenta exclusiva de uma profissão ou deve, cada uma delas, usar este conhecimento de forma a que se ajuste ao enquadramento da sua profissão?
  • E o Treino Funcional, será exclusivo de alguém? Os fisioterapeutas, por exemplo, não poderão fazer uso deste tipo de conhecimento?
  • E o exercício no pré e pós-parto deve ser, talvez, dos enfermeiros?
  • E o exercício clínico faz, sequer, sentido?
  • E o que dizer do Low Pressure Fitness (hipopressivos)? Melhora a condição estética mas também contribui para debelar problemas de incontinência urinária, por exemplo. Assim sendo, que parte é do profissional do exercício e que parte é do fisioterapeuta?
  • E a força? O que dizer da força?!

 

Para me ajudar, gostaria muito de conhecer a sua opinião. Bastará responder a este email.

Fico muito grato, desde já.

 

Antes de me despedir, porém, faço-lhe um convite: veja a conversa que tive com o Mário Simões. Porquê? Porque o Mário, tendo uma carreira académica na área do Treino, lidera um projeto, a Peak, que conta com a colaboração de profissionais do exercício e da fisioterapia, um projeto que se foca não apenas nos atletas de alta competição mas também na população não atlética. É uma conversa muito rica e que, acredito, ajudará a trazer alguma luz às questões que coloquei antes.

Para ver a entrevista, clique aqui.

 

🔴 Este texto é uma das partilhas de Hugo Belchior - mais info em lideresdofitness.pt

CV: Hugo Belchior é fisioterapeuta, no entanto cedo percebeu que área que verdadeiramente o fascinava e motivava era a Gestão. Atualmente, lidera dois projetos empresariais próprios e outros projetos ligados ao empreendedorismo e gestão.

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