"De acordo com o Registro Brasileiro dos Osteopatas (RBrO), A Osteopatia, criada no século XIX, é uma profissão da área da saúde que trata o ser humano de forma global, isto é, está fundamentada no conceito de que todas as partes e sistemas do corpo humano funcionam de maneira integrada. A Osteopatia é indicada, de uma forma geral, no tratamento das disfunções do corpo humano, principalmente mecânicas, onde ocorre uma alteração da função de alguma estrutura.
O Osteopata tem um interesse particular em anatomia e fisiologia, conhecimentos indispensáveis e essenciais para se realizar uma avaliação extremamente rigorosa dos sistemas corporais e de suas inter-relações, que podem ou não se alterar reciprocamente. É uma forma de tratamento que se preocupa, inicialmente, em descobrir as causas dos sinais e sintomas do paciente, para somente depois tratar as suas consequências, no intuito de restabelecer a função diminuída ou perdida. Isto significa dizer que a Osteopatia é uma abordagem causal, e não sintomática.
A Osteopatia compreende que o corpo humano possui um sistema fundamental para a cura – o sistema imunológico, cuja ação permite a autorregeneração e o restabelecimento das funções alteradas. Cabe ao Osteopata auxiliar o sistema imune através da realização de um diagnóstico osteopático bem elaborado e fundamentado, permitindo a escolha e a execução de técnicas osteopáticas específicas para cada alteração. A Reabilitação Vestibular, segundo Bittar (2000), “é um processo terapêutico que visa acelerar os mecanismos de compensação central nos distúrbios do equilíbrio por meio dos mecanismos de plasticidade neuronal” tem em suas definições aspectos em comum com a osteopatia principalmente no tratamento da vertigem postural paroxística benigna (VPPB) que é uma das mais frequentes patologias do sistema vestibular. Caracteriza-se clinicamente pela presença de episódios recorrentes de vertigens. Vertigem corresponde à sensação de estar girando no ambiente ou de rotação do mesmo ao seu redor.
A Vertigem Posicional Paroxística Benigna (VPPB), descrita em 1921, é provavelmente a causa mais comum de vertigem, com prevalência de 20%-30% em clínicas especializadas, tipicamente desencadeados por determinados movimentos cefálicos ou mudanças de posturas realizadas pelo paciente. E pelas características clínicas, os pacientes frequentemente tornam-se apreensivos, e tanto a vertigem como as posturas que as desencadeiam podem limitar suas atividades consideravelmente.
Pode ocorrer de maneira imprevisível e súbita, porém não possui característica progressiva. Parnes et al. registraram que aproximadamente 58% dos casos de VPPB não têm causa identificada. A sua forma primária corresponde a 50%-70% dos casos. Por outro lado, a causa secundária mais comum é o traumatismo craniano (7%-17%), seguido de neurite vestibular (15%). Com uma incidência de 0,6% ao ano, afeta mais as mulheres, sendo a prevalência quase sete vezes maior naquelas acima dos 60 anos de idade, com pico de idade entre 70 e 78 anos. Parentes consanguíneos têm cinco vezes mais chances de desenvolver a VPPB5.
Alguns pacientes, no entanto, experimentam recorrência meses ou anos mais tarde, podendo variar desde episódios curtos até décadas de sofrimento com intervalos curtos de remissão. Brevern et al., num estudo epidemiológico alemão, relataram que 86% dos indivíduos entrevistados com VPPB tinham importantes limitações psicossociais que os afastavam de suas atividades de vida diária, evitavam dirigir ou sair de casa durante os episódios sintomáticos, assim como, em sua maioria, evoluíam com depressão e ansiedade. Em estudo epidemiológico norte-americano, os gastos calculados para o controle da VPPB chegaram a dois mil dólares por paciente. A maior parte desses custos era desnecessária e estava relacionada a diagnósticos equivocados e terapia ineficaz19. Outro estudo, na Inglaterra, calculou que o tempo decorrido entre a apresentação inicial da VPPB até ao cuidado clínico efetivo era de 92 semanas.
Diagnóstico da VPPB
Diferentes manobras podem ser utilizadas para confirmar o diagnóstico. A manobra de Dix-Hallpike é a mais executada para canais semicirculares posterior e anterior, sendo realizada por profissional qualificado tendo a confirmação diagnóstica que é positiva quando desencadeia vertigem e nistagmo na mudança da posição do indivíduo de sentado para deitado com a cabeça sustentada abaixo do plano horizontal, com uma rotação de 45° da cabeça para o lado a ser testado.
O critério diagnóstico inclui a ocorrência de um nistagmo rotatório e uma sensação de vertigem que é típico: latência de alguns segundos e duração em torno de trinta a quarenta segundos. Amarenco e Berthelon (2002) relatam que correndo a ausência de vertigem durante o nistagmo não se trata de VPPB. Com a repetição da manobra ocorre fadiga com diminuição da intensidade do nistagmo, até sua ausência em torno da terceira ou quarta repetição. Os achados clínicos da vertigem paroxística benigna são consistentes com a hipótese que os canais semicirculares, com uma incidência muito maior no posterior, contenham partículas flutuantes que são mais pesadas que a endolinfa circulante. Na VPPB do canal horizontal utiliza-se o roll-test, por meio de rotação da cabeça do paciente no plano do mesmo. O diagnóstico desta condição é baseado na história clínica, acompanhado ou não de náusea ou vómito, instabilidade e desequilíbrio."
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CV: Hermínio Gonçalves é um Fisioterapeuta brasileiro, já com um longo percurso. O seu profissionalismo e a sua assertividade, aliados ao conhecimento que detém particularmente na área da Terapia Manual e Reabilitação Vestibular distinguem-nos dos demais.
Fonte: Retirado de IDOT Blog - in http://www.idot.com.br/blog/aspectos-osteopaticos-no-tratamento-da-vertigem-postural-paroxistica-benigna/