Esta entrevista fez parte da 2ª edição da Bwizer Magazine – pode vê-la na íntegra aqui.
É suposto um fisioterapeuta picar? Não ultrapassa o papel de um fisioterapeuta?
Cada profissional é responsável por conhecer o enquadramento legislativo no seu país, contudo, segundo o meu melhor entendimento, tanto em Portugal como em Espanha, os fisioterapeutas estão devidamente capacitados para a aplicação de diversas técnicas minimamente invasivas. Aliás, basta constatar a proliferação de técnicas de acupuntura, por exemplo.
Dentro da variedade de técnicas invasivas existente, a Eletrólise Percutânea é utilizada mediante a aplicação de agulhas de acupunctura e de uma corrente galvânica minimamente dolorosa para o paciente, e com resultados muito prometedores. Normalmente, são os médicos os que mais utilizam técnicas invasivas no tratamento de vários tipos de lesões. Contudo, técnicas como a Eletrólise Percutânea, o Dry Needling e/ou similares podem ser utilizadas pelos fisioterapeutas devido à sua mínima incisão no tecido. O que o fisioterapeuta nunca deve fazer é aplicar esta técnica no tratamento de lesões em locais para os quais não existe qualquer tipo de evidência clínica e/ou científica como por exemplo: bolsa sinovival, cápsulas e nervos, por exemplo.
A técnica Eletrólise Percutânea é segura? Que cuidados devem existir?
A EPTE® Eletrólise Percutânea é uma ferramenta que deve ser utilizada dentro de um contexto clínico. Isto significa que o profissional deve ter conhecimento sobre uma série de conceitos para poder aplicar esta técnica de uma maneira segura e eficaz. É necessário, desde logo, conhecer a histologia e a fisiopatologia tendinosa para poder marcar um processo evolutivo e que possa justificar a utilização da técnica. Antes da realização de qualquer tratamento invasivo é imprescindível estar consciente de alguns aspetos como: a localização da lesão, a fase de evolução da patologia (modelo continuum), o tempo de evolução, os processos de sensibilização, a influência da patologia sistémica, cuidados a ter aquando da toma de determinados fármacos e a correlação entre diagnóstico por imagem e sintomatologia clínica. Sugiro ainda que se domine o exercício pós-tratamento e, sobretudo, que conheça a mais recente e mais robusta evidência científica sobre este tema.
Concluindo, sempre que o profissional conheça as suas limitações e aplique os seus conhecimentos com precaução, a Eletrólise Percutânea é uma técnica segura. De todo o modo, importa sempre recordar que não há nenhuma técnica que seja panaceia, a cura para todos os males.
Trata-se de uma abordagem ainda muito centrada na Península Ibérica. Por que razão está a demorar a entrar noutros mercados?
Não é exatamente assim. Há já alguns anos que a formação de Eletrólise Percutânea e a implementação da utilização do aparelho da EPTE® tem vindo a aumentar em diversos países da União Europeia e da América Latina. O facto de que a EPTE® System tem um certificado sanitário permitiu que a expansão internacional em alguns países não fosse tão complicada. Este certificado sanitário permitiu-nos assegurar que o aparelho e a técnica EPTE® são realmente seguros e eficazes, tanto para profissionais como para pacientes. Obviamente que, em alguns países, este processo não foi tão fácil, devido à falta de informação sobre a utilização de técnicas invasivas, ou por existir uma clara tendência da aplicação de uma fisioterapia mais centrada no exercício terapêutico (hands off). Pouco a pouco e, depois de trabalhar para demonstrar que temos um corpo docente comprometido, uma formação séria e de qualidade, e que a Eletrólise Percutânea realmente “não vale para tudo” e/ ou para todas as estruturas, conseguimos ganhar a confiança e o apreço de muitos países e de muitos profissionais da saúde. Os níveis de penetração em cada mercado estão a aumentar e mais mercados estão a aderir a estas práticas. A evolução, diria, é muito promissora.
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Esta entrevista fez parte da 2ª edição da Bwizer Magazine – pode vê-la na íntegra aqui.
CV: Fisioterapeuta. Formador e coordenador de investigação da EPTE
Fonte: Consulte a 2ª edição da Bwizer Magazine