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Publicado a 22/07/2020

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Luís Nascimento

Punção seca (dry needling) ecoguiada: vídeo tutorial

Luís Nascimento

A punção seca, em inglês dry needling, (também conhecida como estimulação manual intramuscular ou punção intramuscular) é uma técnica de tratamento utilizada por fisioterapeutas desde os anos 80. No entanto, ainda hoje, esta técnica não faz parte da maioria dos planos curriculares das licenciaturas em Fisioterapia.

Esta técnica deve apenas ser utilizada se a avaliação do profissional assim o indicar e em pacientes cooperantes. Não deve ser uma opção terapêutica nas seguintes situações: fobia a agulhas, histórico de reação anormal a punção ou injeção, pacientes em terapia anticoagulante ou trombocitopenia, bem como em áreas ou membros com linfedema.

Como contraindicações relativas para esta técnica podemos destacar: tendência para a ocorrência de homorragias, sistema imunológico gravemente comprometido (por exemplo, cancro, HIV, hepatite etc.), doença vascular, diabetes mellitus, gravidez, epilepsia, alergia a metais ou látex, indivíduos que tomam medicamentos que alteraram o humor ou que apresentam um estado psicológico alterado e cirurgia recente no local. O Fisioterapeuta deve também ponderar a região a tratar, uma vez que alguns locais/contextos requerem cuidados e uma expertise adicional: pleura e pulmões, vasos sanguíneos, nervos, órgãos, articulações, implantes protéticos e dispositivos elétricos implantáveis.

Com efeito, e uma vez examinadas as indicações, contraindicações e precauções, é vital obter o consentimento informado pelo paciente, o qual deve ser antecedido por uma explicação dos objetivos e procedimentos envolvidos nesta técnica.


Punção seca: como fazer?

O paciente deve estar posicionado de forma relaxada com os músculos a tratar expostos. É também importante que o fisioterapeuta consiga visualizar o rosto do paciente e ouvi-lo, de modo a receber feedback regular durante a intervenção, isto embora seja aceitável tratar o paciente em decúbito ventral.

Os padrões atuais de cuidados recomendam a preparação da pele, assim como a utiliza luvas, por parte do profissional, durante a intervenção.

  • O ponto de gatilho é então identificado usando os métodos de palpação.
  • Uma técnica de aderência em pinça é empregada para levantar suavemente a pele. Além disso, a palpação plana pode ser utilizada para "absorver" a folga da pele.
  • Uma agulha de filamento sólido estéril, descartável e de alta qualidade é inserida diretamente na pele, ou usando o tubo guia que será logo removido;
  • A agulha é aprofundadade, sendo que a profundidade de penetração varia de acordo com o músculo a tratar, mas deverá sempre ser sificiente para atingir o trigger point (ponto gatilho). As técnicas para aprofundar a agulha variam: é possível utilizar um movimento lento e constante, ou um movimento de vaivém para dentro e para fora do músculo (denominado agulhamento dinâmico); em oposição, se a agulha for deixada em situ, esta técnica denomina-se agulhamento estático.

Baldry recomenda deixar a agulha in situ por 30‐60 segundos para “respondedores médios” ou até 2‐3 minutos em "respondedores fracos". Embora não haja consenso sobre qual técnica é a ideal, a opinião do autor é que a agulha dinâmica é superior à agulha estática (sem estimulação elétrica intramuscular), na maioria dos casos.

Note que se optar pela técnica estática, poderá potenciar os efeitos da mesma ao utilizar a estimulação elétrica intramuscular. Com efeito, a junção da eletroterapia à técnica de punção seca demonstrou estimular o relaxamento muscular e aumentar a circulação sanguínea local, diminuindo ainda mais o tónus muscular e melhorando o recrutamento motor.

De referir que se optarmos pela estimulação elétrica é necessário ter em consideração outras contraindicações, nomeadamente: desconforto ou fobia à técnica de estimulação elétrica, região próxima à coluna vertebral/ seio carotídeo/ nervo laríngeo, dispositivos elétricos implantados numa região próxima a tratar, região abdominal e pélvica durante a gravidez ou área de desnervação sensorial.

 

Que resultados esperar com a punção seca?

A eficácia da punção seca (dry needling) depende em grande parte da habilidade do terapeuta, tanto na correta avaliação (palpação), como também na execução da técnica. Com efeito, não é apenas a palpação superficial que se apresenta como a chave do sucesso, mas também a capacidade de visualizar o trigger point em três dimensões (já que é essa consciência cinestésica que possibilitará uma melhor introdução da agulha e, por isso, melhores resultados).

A evidência atual aponta para que esta técnica seja eficaz a diminuir a dor, melhorar a amplitude de movimento, reduzir a sensibilidade local e, finalmente, melhorar a qualidade de vida. Ainda assim, mas pesquisas e mais sólidas são necessárias.

 

Tutorial da técnica de punção seca ecoguiada

A eficácia da técnica de punção seca pode ser aumentada utilizando, para isso, um ecógrafo. Com efeito, este equipamento irá permitir:

  • Uma melhor localização do trigger point
  • Uma orientação, em tempo real, da técnica de punção seca.

Assim, e para ver como o ecógrafo poderá guiar a execução da técnica de punção seca nos trigger points, aumentando a sua precisão e eficácia, assista, de forma totalmente gratuita e exclusiva, a um tutorial com o Ft. Luis Nascimento.

CV: Fisioterapeuta Licenciado pela ESSA,Certificado em Osteopatia (CO) pela Escola de Osteopatia de Madrid, Mestrando em Ciências da Fisioterapia pela FMH.

Fonte:

DRY NEEDLING FOR MYOFASCIAL TRIGGER POINT PAIN: A CLINICAL COMMENTARY (Int J Sports Phys Ther. 2015 Jun; 10(3): 402–418.)

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